Malemá as notícias desencontradas sobre a tentativa de homicídio perpetrada contra Jair Bolsonaro estampavam os portais e causavam reboliço nas redações, surgiram os vampiros do desarmamento, aqueles que, sentido cheiro de sangue inocente, se alvoroçam e começam a soltar suas pérolas de esterco. Muitos deles apagaram as postagens e se desculparam, mas alguns, sem qualquer decência, continuaram afirmando absurdos. Exemplo disso foi Marina Silva, que em entrevista disse: “’Deus o livre aquela pessoa tivesse uma arma de fogo”.
Muito difícil acreditar em uma legítima preocupação da candidata. Sua frase contém somente uma ácida crítica ao posicionamento de seu antagonista, que defende a posse e o porte de armas para os cidadãos brasileiros. Há ali, além da má-fé, um total descolamento da realidade do país, onde milhares de pessoas são assassinadas todos os anos com o uso de armas ilegais; onde traficantes circulam aos bandos portando e ostentando seus fuzis e onde em quaisquer dessas chamadas “Feiras do Rolo” se pode comprar uma arma ilegal sem nenhuma burocracia.
O crime foi premeditado, o autor poderia ter conseguido uma arma ilegal para perpetrar o ataque. Então por que raios não o fez? Minha tese é de que ele queria algo absolutamente pessoal e, acreditem, espetar uma faca, com a própria mão, na barriga do seu alvo é muito mais pessoal do que desferir um tiro à distância. Basta verificar que a maioria absoluta dos serial killers não utilizam armas de fogo, mas, sim, facas ou até mesmo as próprias mãos, esganando ou sufocando suas vítimas. Era isso que ele queria: Jair Bolsonaro morto pela e em suas mãos.
Mesmo que o Projeto de Lei 3.722/12, apresentado pelo deputado Rogério Peninha e apoiado por Jair Bolsonaro, já estivesse em vigor, o assassino não conseguiria comprar legalmente uma arma, uma vez que já possui passagem pela polícia, não comprovaria renda lícita e, convenhamos, dificilmente passaria pelo crivo de um psicólogo. Ah! Isso apenas para ter a posse! Ele teria ainda que requerer o porte e, vejam só, mesmo assim estaria infringindo a lei, uma vez que o porte é vetado em eventos como aquele onde ocorreu o ataque!
Por outro lado, muita gente ali estava armada. Sejam os Policiais Federais que faziam a segurança, sejam policiais de folga e, conhecendo o público do candidato, não duvido que um ou outro civil também estivesse, mesmo infringindo a legislação em vigor. E o que ocorreu? Nada! O autor do atentado foi dominado e preso. Nenhum tiro foi disparado e, pelo que pude ver nas imagens, nenhuma arma sequer foi sacada. O próprio autor confessou, depois de preso, que contava em ser morto ali mesmo. E não foi!
A gravidade do fato é gigantesca; as lições que podemos tirar são proporcionais. Entre elas, que uma faca de cozinha é o suficiente quando se deseja realmente matar alguém; que leis restritivas, como a que proíbe o porte de facas em Minas Gerais, são absolutamente inócuas nestes casos. E, principalmente, que há gente lá fora que pode resolver eliminar você – e aqui não é metaforicamente – simplesmente por não concordar com suas ideias. Ao final das contas, o triste e quase trágico ocorrido só prova que somos nós é que estamos certos, pois impedir que eu ou você tenhamos chance de defesa é inaceitável. Como publicou o cartunista Zappa em seu Instagram: “Os idiotas estão confundindo liberação do porte de armas com o direito de assassinar alguém”.
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Bene Barbosa é especialista em segurança, escritor, presidente do Movimento Viva Brasil, palestrante e autor do best-seller Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento.
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