Aprovada para uso comercial no Brasil em julho, pela Anvisa, a Bioimpressora 4D da empresa sul-coreana Rokit Healthcare imprime curativos biológicos a partir de células-tronco.
O dispositivo tem como proposta tratar lesões de pele causadas por queimaduras, câncer e úlceras. Isso acontece por meio de um curativo biológico feito a partir de células-tronco retiradas da região abdominal do paciente. A tecnologia aumenta significativamente a eficácia de terapias de regeneração de tecidos, evitando possíveis amputações.
“O Brasil tem uma alta estatística de amputados. Entre 2020 e 2021, 56.500 pessoas foram submetidas a processos de amputação, e a maioria dessas amputações vem de feridas de difícil tratamento”, afirma Maurício Pozza, médico e sócio-fundador da distribuidora 1000Medic, empresa do Paraná responsável por trazer a tecnologia coreana da empresa ao país.
Ainda segundo Pozza, a cada hora, ao menos três brasileiros sofrem amputação de perna ou pé. A bioimpressora poderia, portanto, melhorar essas estatísticas ao oferecer um tratamento mais efetivo.
Tratamento
O primeiro passo é investigar a ferida com um software 4D, que mede todas as dimensões da lesão. Em seguida, uma foto é enviada para a bioimpressora. O próximo passo é fazer uma lipoaspiração na região abdominal, onde está o tecido adiposo rico em células-tronco. Esse tecido é microfiltrado e, depois, misturado com uma cola natural de fibrina.
O curativo biológico fica pronto em cerca de sete minutos, e logo já é colocado em cima da ferida, que permanece fechada por 30 dias, tempo necessário para acontecer a cicatrização. Todo o processo cirúrgico dura em torno de meia hora e, na maioria dos casos, um procedimento já é efetivo, sem a necessidade de reintervenção.
Por ser um tecido autólogo, ou seja, com as células-tronco do próprio paciente, quase não há risco de infecção, e a efetividade do tratamento aumenta.
“Estudos comprovaram que, comparando uma técnica manual comum e o tratamento com o curativo impresso no primeiro e no sétimo dias do tratamento, a quantidade de células que se proliferam em sete dias no ferimento com a bioimpressora é infinitamente maior do que com a técnica manual”, observa Maurício. A proliferação celular na região lesionada é justamente o que forma a cicatriz.
Próximos passos
A princípio, foi aprovado pela Anvisa o kit de tratamento específico para lesões de pele com a bioimpressora, mas já há um novo kit em desenvolvimento contra lesões de cartilagem, principalmente em quadril e joelho. “Devemos entrar no mercado com esse novo kit em cerca de oito a 12 meses, no máximo”, revela Mauricio Pozza.
Já existem também pesquisas sobre o uso dessa tecnologia para a impressão de órgãos inteiros, como rim, coração e pulmão. Nesse caso, também seriam utilizadas células-tronco, eliminando assim riscos de compatibilidade e rejeição de órgãos, principais empecilhos para transplantes
Os hospitais e clínicas especializadas que quiserem adquirir a impressora e os kits poderão fazê-lo entrando em contato pelo site www.1000medic.com.br.