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Bebê nasce com doença rara e precisa retirar 90% do intestino

Cirurgia foi feita pouco mais de 24 horas após o parto e a criança segue em tratamento de reabilitação

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Bebê nasce com doença rara e precisa retirar 90% do intestino
(Foto: Arquivo pessoal)

O pequeno Theo Roldão Lopes ainda não conhece a sua casa, em Primavera do Leste, interior de Mato Grosso, a 237 km de Cuiabá. Aos três meses de vida, ele e a mãe, a auxiliar de departamento pessoal, Karina Miranda Roldão Lopes, de 25 anos, moram em um quarto no Hospital Infantil Sabará, em São Paulo, onde Theo faz um tratamento para Síndrome do Intestino Curto, porque seu organismo não consegue absorver os nutrientes que precisa.

Logo que nasceu, Theo precisou de uma cirurgia e teve mais de 90% do intestino delgado retirado. De acordo com o médico cirurgião pediátrico, Carlos Augusto Leite, que operou o menino no Hospital Santa Rosa, em Cuiabá, o intestino da criança havia necrosado por conta de uma torção.

A patologia é causada por conta de uma má formação nas etapas embrionárias e as alças do intestino delgado fazem uma rotação, impedindo a passagem de fluxo sanguíneo, ocasionando a necrose dos tecidos.

(Foto: Arquivo pessoal)

“Operamos o Theo com pouco mais de 24 horas de vida. Foi um procedimento bem complexo, pois tratava-se de um recém-nascido com todas as complicações que o volvo de intestino médio [torção do intestino] acarretam. Não podemos demorar em cirurgias com recém-nascidos, pois a probabilidade deles não suportarem é grande. Retiramos mais de 90% do intestino delgado e fizemos tudo em pouco mais de uma hora de cirurgia. E o resultado foi muito satisfatório”, explica o médico.

Gestação tranquila

A mãe conta que durante a gestação não foi observada nenhuma anomalia nos exames de pré-natal. E o diagnóstico e necessidade de cirurgia vieram logo nas primeiras horas de vida do Theo.

“Quando a minha bolsa estourou, com 38 semanas de gestação, a ginecologista, no hospital em Primavera, viu que tinham fezes do bebê e decidimos pela cesárea. Logo que o Theo nasceu, não chorou e o abdômen dele estava bem inchado, com uma coloração roxa. A equipe da maternidade realizou os primeiros exames e já entrou em contato com o Hospital Santa Rosa para a transferência dele. Eu não pude ir, por conta da minha cesárea, meu esposo ficou comigo e meus pais acompanharam meu filho. Graças a Deus a equipe médica da Dra Paula Bumlai e do Dr Carlos foram ágeis e salvaram a vida do Theo”, relembra a mãe.

Doença rara

A médica pediatra e neonatologista, Paula Bumlai, explica que essa patologia é bem rara e acomete uma entre 2.500 pessoas no mundo.

“Cirurgias de doenças raras como esta do Theo e também em recém-nascidos e crianças, de modo geral, são sempre muito complexas e requerem, além de medicamentos, suporte de equipe médica especializada disponível 24 horas, centro cirúrgico adequado e nós do Hospital Santa Rosa somos uma referência para este tipo de procedimento em Mato Grosso, atendendo pacientes do interior e de outros estados próximos”, afirma Paula.

(Foto: Arquivo pessoal)

Ainda segundo a neonatologista, no primeiro semestre de 2021, do total de cirurgias pediátricas realizadas no Santa Rosa, 16,5% foram de pacientes vindos do interior ou de outros estados em busca de atendimento especializado.

“O Theo ficou conosco até completar pouco mais de 2 meses de vida. Assim que ele estava estabilizado foi transferido para um centro especializado em síndrome do intestino curto, em São Paulo, para dar sequência no tratamento”, explica a médica.

No caso da síndrome do intestino curto, a abordagem exige alimentação por meio de cateter, o que demanda orientação específica e no Sabará essa é uma especialidade.

Reabilitação intestinal

A mãe de Theo conta que a alimentação dele é dividida entre o leite materno dela e a nutrição parenteral total (NPT), em que são administrados todos os tipos de nutrientes e vitaminas através da veia, por meio de um cateter especial chamado cateter de Hickman-Broviac.

A rotina deles no hospital é dividida entre as mamadas, que são de 3 em 3 horas, as consultas e os acompanhamentos com médicos, psicólogos e terapeutas.

(Foto: Arquivo pessoal)

O objetivo da reabilitação intestinal é potencializar a absorção de nutrientes em crianças que vivem com uma pequena parte do intestino delgado, fazendo com que essa parte que ficou possa trabalhar ao máximo e posteriormente o Theo possa ir pra casa, com a combinação de nutrição enteral (via oral) e parenteral (por meio da veia).

Segundo Karine, Theo já consegue ficar 8 horas sem a alimentação parenteral e assim que este tempo subir para 12 horas eles poderão ir para casa, com auxílio de tratamento home care.

“Meu filho é um milagre. Ele foi muito desejado, foi uma gestação planejada e mesmo com esse ‘susto’ que ele nos deu, nunca perdi a fé e tinha certeza que ele iria se recuperar. Cada dia mais ele se fortalece e tenho certeza que em breve vamos voltar para casa, para ficarmos todos em família, eu, Theo e meu esposo”, finaliza a mãe.

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