Micro e pequenos empresários devem ser os principais atingidos pela grande quantidade de bares e restaurantes que tendem a encerrar as atividades em Cuiabá por causa da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus.
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Cuiabá estima que 8 mil estabelecimentos, incluindo bares, restaurantes, casas noturnas e similares não consigam reabrir as portas na retomada das atividades desses segmentos, ainda sem data prevista para acontecer.
O universo de micro e pequenos é a maioria absoluta. Conforme a Abrasel, eles representam 80% desses segmentos. E geralmente a administração é tocada por membros de uma mesma família.
“Quando se fala de restaurante, as pessoas geralmente pensam em algo grande, em que só rico vai. Não é essa a realidade. Muitas famílias estão sobrevivendo do pequeno comércio, do bar que elas têm”, afirma a presidente da Abrasel, Lorenna Bezerra.
São empresários com faturamento mensal médio entre R$ 20 mil e R$ 30 mil e com um quadro de seis funcionários, em média.
Segundo a associação, eles estão na ponta do atendimento público, mas não conseguem acessar financiamentos oferecidos por governos e instituições financeiras.
E nestes dias de crise não chegou auxílio de nenhuma parte para ajudá-los a enfrentar a mudança drástica do comércio, segundo a empresária Lorenna Bezerra.
“A ajuda que o governo anunciou não chegou na ponta para nós. Eu não estou falando de empresário que quer pegar R$ 100 mil, estou falando de empresário que precisa de R$ 10 mil, 20 mil”, explica.
Milhares de desempregados
O fechamento de bares e restaurantes também irá atingir o mercado de trabalho em Cuiabá. Conforme a Abrasel, mais de 10 mil pessoas já foram demitidas nos 40 dias de isolamento social.
Empresários ouvidos pela reportagem apontam que desligaram entre 70% e 100% de seus funcionários nas primeiras semanas do decreto baixado pela prefeitura.
A queda brusca de faturamento e a acumulação de dívidas são apresentadas como justificativa para os cortes.
E a perspectiva é de que o volume de demitidos aumente nos próximos meses. Seja porque ainda é incerta a data de reativação dos estabelecimentos, seja porque a recuperação econômica será possivelmente lenta.
“Não vai ser só voltar e pronto. Quando voltar, a lotação permitida vai ser de 50% e desses 50% nem vai ser movimentado. A recuperação vai ser devagar”, disse Lorenna Bezerra.
Outra estimativa, mais distante, apontada pela Abrasel é que, mesmo após o retorno à normalidade, 1/3 dos estabelecimentos que conseguirem reabrir as portas não vão se manter por longo tempo.