O auxílio emergencial pago a famílias carentes pelo governo federal por conta da pandemia do novo coronavírus representou um incremento de até 65% na renda dos mato-grossenses que o receberam.
Os dados são de uma pesquisa do Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getúlio Vargas (FGVcemif) e apontam que Mato Grosso ficou acima da média nacional.
Considerando todos os Estados brasileiros, em geral, o auxílio emergencial representou um aumento de renda de 50% para os beneficiados. Um percentual que mais que compensou as perdas que essas famílias teriam no mesmo período.
Se não recebessem o auxílio, a maioria teria que viver com 18% a menos do dinheiro mensal que costumava receber.
No caso de Mato Grosso, a perda de renda sem o auxílio estaria na casa dos 8%.
Foi muito?
Para os pesquisadores, os dados – coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – revelam mais do que a impressão inicial: que as três parcelas de R$ 600 podem ter sido muito dinheiro.
“Não é que os ganhos de renda tenham sido excessivos com o auxílio; a renda do trabalhador brasileiro é tão baixa que R$ 600 fazem diferença”, diz Lauro Gonzalez, um dos autores do estudo.
E ele destaca ainda que o cenário positivo depende do modo como a economia vai se comportar nos próximos meses.
“Caso desemprego e perda de renda se aprofundem, os efeitos de aumento de renda pelo auxílio emergencial diminuirão”.
Pago, até agora, a cerca de 64 milhões de brasileiros, o auxílio emergencial recebeu um total de 104 milhões de solicitações.
Famílias que vivem no Norte e Nordeste do país foram as que tiveram o maior incremento em suas rendas mensais. Na separação por gênero, as mulheres foram as que tiveram maior percentual de ganho.
Trabalhadores informais
Os números da pesquisa também revelaram que o auxílio cumpriu a missão para qual foi idealizado: socorrer os trabalhadores informais, impedidos de atuar durante os períodos de quarentena obrigatória no país.
Os dados mostram que, sem o auxílio emergencial, essas pessoas teriam sido quase 2,5 vezes mais penalizados pela queda da atividade econômica do que os empregados formais.
Com o auxílio, a renda dos que não possuem carteira assinada chegou a uma média de R$ 2.016, enquanto a dos formais, que já era de R$ 2.031, passou para R$ 2.640 em média, um aumento de 30%.
Cabeleireiros, vendedores ambulantes, motoristas de aplicativos, taxistas e comerciantes estão entre os sete tipos de trabalhadores mais afetados pela crise econômica. Não fosse pelo auxílio, a perda de renda deles estaria na casa dos 30%.
Já as profissões mais beneficiadas com o aumento de renda que esses R$ 600 representaram foram os auxiliares de agropecuária, empregados domésticos e diaristas, auxiliares de limpeza e agricultores. Eles, segundo dados da pesquisa, tiveram um incremento superior a 50%.
(Com informações da Agência Bori)