Política

“Atira primeiro, depois pergunta”: declaração de Mauro Mendes irrita policiais civis e militares de MT

Governador criticava atuação do Ministério Público perante as compras emergenciais para abastecer hospitais durante a pandemia

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“Atira primeiro, depois pergunta”: declaração de Mauro Mendes irrita policiais civis e militares de MT
(Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

Uma declaração do governador Mauro Mendes (DEM) na manhã desta quarta-feira (22) fez sindicatos e associações de praticamente todas as carreiras das polícias Civil e Militar de Mato Grosso emitirem notas de repúdio.

Em entrevista à Rádio Capital FM, quando falava sobre as compras emergenciais que governos e prefeituras têm feito para tentar abastecer hospitais em meio à pandemia, Mauro Mendes disse que o Ministério Público tem agido “como se fosse a polícia: atira primeiro e pergunta depois”.

Para a Assoade – associação que representa diversas patentes da Polícia Militar -, a fala do governador colocou a instituição como a responsável pela injustiça social, além de ter passado a impressão de que toda a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) “atua aleatoriamente, sem nenhum discernimento legal, sem nenhuma formação ou sem nenhuma ética”.

Já o presidente do Sindicato dos Escrivães de Polícia Judiciária Civil, Davi Nogueira, afirmou que, caso a declaração fosse verdadeira, Mauro Mendes é quem seria o “grande culpado”.

“Caberia ao governador corrigir esse tipo de desvio de conduta nas corporações. Infelizmente, ele está com o pensamento errôneo sobre o nosso trabalho”, completou.

O “desconhecimento” de Mendes também foi pontuado pela presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia, Maria Alice Barros Martins Amorim.

O governador foi extremamente injusto com inúmeros policiais que dia e noite saem às ruas para resguardar a sociedade. As estatísticas revelam alto índice de resolutividade. Portanto, não, senhor governador! Nós não atiramos para investigar. Nós investigamos para salvar vidas”, defendeu a delegada.

Também se manifestou o presidente do Sindicato dos Investigadores da Polícia Civil, Glaucio de Abreu Castañon. A categoria cobra agora que a própria diretoria da Polícia Civil em Mato Grosso emita uma nota a respeito.

Trabalho sério

O contexto da fala de Mauro Mendes foi a preocupação de alguns gestores públicos em fazer compras emergenciais – de medicamentos, por exemplo – durante a pandemia e se tornarem alvos de investigações do Ministério Público.

Antes da pergunta que resultou na declaração polêmica, o próprio governador afirmou que diversos produtos têm sofrido um aumento nos preços por conta da alta demanda em todo o país.

Ao dizer que, mesmo diante dessa situação, não nutre essa preocupação por ter consciência que vem fazendo “a coisa certa”, Mendes cobrou que o Ministério Público trabalhe “com seriedade”.

“Tem dúvida? Vai lá e pergunta para o gestor. Pede esclarecimento, antes de fazer aquelas coisas espetaculosas como a gente já viu por aí acontecendo, como se fosse a polícia: atira primeiro e pergunta depois”.

Por meio da assessoria, o procurador-geral de Justiça, José Antônio Borges disse que não comentaria o assunto. A outros jornalistas, como Pablo Rodrigo, do Jornal A Gazeta, no entanto, ele classificou a declaração como “infeliz”.

“O Ministério Público investiga fatos e denúncias. Não somos oposição e nem partidários. Somos um órgão de controle. E a PM é uma instituição que nos dá segurança. A Polícia Civil investiga. Ninguém sai atirando”.

O que diz o governador?

A reportagem do LIVRE entrou em contato com a Secretaria de Estado de Comunicação, mas até o momento da publicação não havia uma manifestação do governo sobre o assunto.

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