Em ano de eleição tudo pode acontecer no meio político e em 2018 não seria diferente. Os já conhecidos “comitês da maldade” começaram a atuar em julho deste ano, quando jornalistas mato-grossenses começaram a receber, via WhatsApp, vídeos de críticas ao governador e candidato à reeleição Pedro Taques (PSDB).
Os números são todos com prefixos da Bahia (71) e os vídeos são recebidos em dias aleatórios, sempre com uma coisa em comum: as críticas ao governador. Se o jornalista responde, as mensagens são visualizadas e ignoradas. E, somente uma vez – até o momento – um número foi repetido.
Era dia 30 de julho quando o primeiro vídeo chegou à reportagem do LIVRE, às 18h04, no número pessoal de uma das repórteres. Mais tarde, outros profissionais da redação também vieram a receber.
O primeiro vídeo era uma reportagem da TV Centro América sobre o depoimento do cabo da Polícia Militar Gérson Corrêia, no qual ele afirma o “caso dos grampos” teria sido financiado pelo primo do governador, o ex-secretário-chefe da Casa Civil Paulo Taques.
As imagens mostram parte do depoimento de Gérson e matérias que saíram em sites de Mato Grosso sobre as falas do cabo, como a afirmação de que Pedro Taques e Paulo Taques seriam os “donos dos grampos”.
No dia 11 de agosto, o mesmo número enviou uma matéria de um site da Capital com o título: “Crianças com diabetes estão sem insulina em MT”. Depois do link, estava a frase: “A incompetência mata tanto quanto a corrupção”.
Treze dias depois, no dia 24 de agosto, às 15h12, um novo vídeo foi enviado, dessa vez de um número diferente, também com prefixo da Bahia. Intitulado “A casa caiu”, o vídeo fala sobre a homologação da delação do empresário Alan Malouf, que cita o governador Pedro Taques.
As imagens mostram manchetes de sites nacionais e estaduais sobre a delação e cita trechos das matérias. Ao final do vídeo, está escrito: “E agora, governador. Fora, fora, fora. Seu tempo já chegou!” O mesmo vídeo foi enviado por outro número, também da Bahia, 45 minutos depois.
Na noite desse sábado (1º), um novo vídeo – o último até o momento. Dessa vez, uma produção maior, que conta com música criada para a “edição”. Com ironia, a canção começa dizendo para as pessoas abrirem os olhos e falarem baixo, afirmando que “ele grampeou a gente”.
A música faz uma série de críticas a Taques, citando delações e denúncias de esquemas durante o governo e afirmando que ele teria “arruinado o Estado”. Por fim, a melodia volta a citar uma frase idêntica ao vídeo do dia 24 de agosto: “fora, fora, fora. Seu tempo já passou”.
São adversários de Taques na corrida ao Palácio Paiaguás o empresário e ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes (DEM), o senador Wellington Fagundes (PR), o policial rodoviário federal Arthur Nogueira (Rede) e o servidor estadual Moisés Franz (Psol).