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“As ocorrências mais difíceis são as que envolvem crianças”, desabafa bombeiro

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“As ocorrências mais difíceis são as que envolvem crianças”, desabafa bombeiro

Esta semana é dedicada a nobres profissionais que não descansam um minuto, pois a missão deles é salvar vidas. Para celebrar 2 de julho, Dia dos Bombeiros, e saber um pouco mais sobre a rotina desses militares, o LIVRE visitou o Corpo de Bombeiros de Sinop (a 500 km de Cuiabá).

Foi lá que encontramos Augusto Cesar Perotti, que quando tinha nove anos, em um lampejo, pensou: “quero ser bombeiro”. E parece que a vida foi se encaminhando para tornar isso realidade desde a infância, quando saiu de sua cidade natal, Coronel Sapucaia (MS), rumo a Sinop.

Mesmo sendo um sonho de grande proporção, levando em conta sua realidade, ele não tirou o foco do seu objetivo. “Sempre via em filmes, mas não tinha conhecimento de quais seriam as dificuldades para que eu pudesse enfim me tornar um bombeiro”, descreveu.

Lutando e encarando as diversidades, em 2001 surgiu a oportunidade de conquistar seu grande sonho.

“Os problemas  da vida adulta me levaram de volta para Mato Grosso do Sul e lá desenvolvi outras funções, mas quando meu irmão – que hoje não está mais nesse plano – me disse que havia um concurso aberto para o Corpo de Bombeiros, renasceu em mim aquele sonho de criança. Foi a partir daí que decidi tentar de novo”, contou.

Em 2004 Augusto foi convocado e a partir dali tudo mudou. Com perseverança e um otimismo invejável, mesmo em meio as dificuldades – com o salário mensal parcelado, falta de efetivo e desgaste físico -, ele foi crescendo como profissional e como pessoa, tornando-se sargento.

“Todos os dias eu tenho a oportunidade de mudar a minha e muitas vidas. O dia-a-dia do bombeiro é você vir para o trabalho e ter a ciência de que fará o bem por alguém. Não importa se está em férias ou no horário de trabalho”, disse. O militar enfatiza que tanto ele quanto os colegas de profissão sempre buscam dar o seu melhor para salvar vidas.

Para salvar uma vida não tem hora

Perotti ressalta que nesta missão não há folga ou intervalo. Certa vez, na correria de casa, no momento em que ia levar os filhos à escola, recebeu um pedido de ajuda da vizinhança.

“Eu me atrasei por um pequeno empecilho, já era para ter levado as crianças para a escola, quando um vizinho veio desesperado me pedir ajuda. Um menino de aproximadamente três anos havia se afogado na piscina de casa e não estava mais respirando. Depois de muito esforço consegui reanimar a criança. Hoje quando vejo que ela cresceu, me lembro que tive a oportunidade de salvá-la”, se emociona.

Somando 15 anos de profissão, ao olhar para trás ele vê que conseguiu ajudar diversas pessoas. Para ele, é como se fosse necessário estar sempre em alerta.

Mais do que uma profissão

Atuando no mesmo comando, Paulo Cesar Berzuino Júnior, militar há oito anos, relata que seu primeiro plano na profissão era estabilidade financeira, mas que em pouco tempo o amor nasceu e cresceu.

“Eu já vim das forças armadas. Nosso trabalho é cheio de obstáculos, mas é compensador. Cuidar de vidas é um desafio”, descreveu.

Paulo Cesar Berzuino Júnior

Batman Chester Donovan também reforça que a vida de um bombeiro é um verdadeiro desafio. O jovem de 23 anos já está na profissão há cinco.

“Eu sempre quis salvar vidas e poder ajudar as pessoas, então sou completamente apaixonado por minha profissão. O mais difícil é ter aquele sentimento de que podíamos ter feito mais, de que poderia ter feito algo diferente”, afirmou.

Batman Chester Donovan

Na missão de bombeiro, há momentos impactantes, como conta Jamerson Silva.

“A ocorrência mais difícil que atendi na minha carreira foi a de uma criança de seis anos, que uma tora tinha rolado em cima dela. Não houve tempo para fazer nada e eu sempre penso o que mudaria se eu tivesse chegado antes”, conta o bombeiro, que soma quatro anos de atuação.

Ele revela, com a voz embargada, que as ocorrências que envolvem salvamento de crianças sempre são as mais difíceis.

Jamerson Assis da Silva

Estrutura e efetivo são os desafios

Em Sinop, a estrutura do Corpo de Bombeiros conta com sete profissionais em cada plantão. “A população tem que entender que também possui um papel muito importante na nossa sociedade. A própria comunidade precisa ter a consciência, de se cuidar, seguir as leis. Isso ajuda a reduzir os riscos de uma tragédia”, pontou Perotti.

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