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Artista Vinicius dos Santos realiza mini-temporada de “Fim O” em duas casas de Cuiabá

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Artista Vinicius dos Santos realiza mini-temporada de “Fim O” em duas casas de Cuiabá
Foto: Fred Gustavos

Uma busca pessoal por compreender a ancestralidade em meio a violências cotidianas, o estudo criativo .P.A.C.K.A.G.E. conduz o artista Vinicius dos Santos em uma mini-temporada de “FIM O”, neste e no próximo final de semana, em Cuiabá. A performance será apresentada em duas sessões neste sábado (03), às 19h30 e 21h30, no espaço cultural Metade Cheio; ingressos custam R$ 20 e R$ 10 (meia entrada). Nos dias 9 e 10 de novembro, ela chega a Sala Anderson Flores do Cine Teatro Cuiabá com uma sessão por dia, às 20h30.

O projeto cênico que têm início a partir do “fim” e, futuramente, terá mais duas obras, começou a ser desenvolvido em 2011, a partir da angustia de Vinicius, cafuzo, de descendência judia e pansexual , em compreender sua identidade controversa. Como premissa das investigações, a seguinte pergunta: o que é ser minoria dentro da minoria?

Foto: Fred Gustavos

“Eu morava fora do país e me debrucei em me entender enquanto membro de uma família que, há muitas gerações atrás, renegou o sobrenome judeu para permanecer no Brasil. Me deparei com muitas histórias, estórias e atrocidades, pois a Europa tem muita coisa viva, ainda, do que ocorreu durante o período nazista. Mas reparei que não podia ficar somente nesta pequena parte de mim e decidi me voluntariar na África e me aproximei de alguns grupos autóctones e populações tradicionais nacionais. Precisava externar isso para o público, mas ainda não sabia como”, explicou.

Durante esse processo de intercâmbios e estudo criativo, o artista escreveu, criou formas e se dedicou a pesquisa da performance, chegando a configuração de FIM O, o que ele chama de momento morte, em 2016. “No meu último minuto de vida, o que passaria diante dos meus olhos? Seria a própria violência que eu sempre sofri”, se questionou.

Foto: Fred Gustavos

Dentro desse “pacote” de descobertas, FIM O é dividido em dois momentos. O primeiro, “pele” é uma grande conversa, na qual o artista traça seus achados sobre a miscigenação brasileira, em um ambiente repleto de objetos pessoais – de colares a sapatos. No momento “vísceras”, ele externaliza, através do corpo, todas essas questões. “Para esta parte, estudei muito as formas de tortura que eram aplicadas na ditadura”.

A performance é ambientada por uma trilha sonora híbrida, composta pelo trítono – considerado pela igreja católica o “som do diabo” –  que se misturam a músicas judias e cantos em tupi guarani, além de trechos do depoimento da jornalista Rose Nogueira, uma das donzelas da torre como a ex-presidenta Dilma Rousseff, durante a última ditadura militar no Brasil e poesia do movimento Slam, de São Paulo. Um trabalho que, segundo o artista, não resulta em palmas e exige despir-se do “bonito, das máscaras”.

Foto: Fred Gustavos

“É um trabalho muito cruzado para materializar o que todo dia a gente faz com o nosso próximo. Todo dia a gente diminui alguém, pisa em alguém e mata alguém seja com o olhar, com a palavra ou ação física”, ressalta.

Vinicius conta que a segunda e a terceira obra da trilogia .P.A.C.K.A.G.E. já estão em processo de desenvolvimento. “A segunda obra parte de uma pesquisa na Guatemala, país da América Central, sobre a cosmologia Maia, que tem como premissa a busca por estar em equilíbrio, o estudo do homem-bio e da masculinidade tóxica latino-americana de origem ibérica. Já a terceira obra contempla o ecofeminismo a partir de uma árvore que a gente tem aqui em Mato Grosso, a Samaúma, vou estuda-la e, com a ajuda de muitos colaboradores, compor os cânticos de Samaúma em imagéticos múltiplos”, revela.

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