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Áreas comerciais esvaziadas pelo VLT estão ficando para trás (de novo)

Indefinição gera insegurança para o comércio e pontos nos centros de Cuiabá e Várzea Grande ficam fora do ciclo imobiliário

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Áreas comerciais esvaziadas pelo VLT estão ficando para trás (de novo)
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

A indefinição sobre a instalação do modal de transporte que cortará o centro de Cuiabá e Várzea Grande continua a prejudicar áreas comerciais, atingidas desde 2013 pelo projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Agora, elas estão praticamente de fora do ciclo de crescimento imobiliário. 

O Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis (Secovi) diz que Mato Grosso entrou num ciclo de expansão do setor no ano passado, favorecido pela queda dos juros e pelos sinais de crescimento do país. 

Os números foram tão bons, mesmo num cenário pandemia, que registram a maior alta no histórico de movimentação desde 2015, quando Cuiabá e Várzea Grande saiam da “ressaca” da Copa do Mundo – com obras inacabadas e o maior projeto (o do VLT) paralisado por suspeita de corrupção política. 

Por esse tempo, áreas comerciais nas duas cidades já haviam sofrido desvios de fluxo de pessoas, o que fez despencar as atividades em determinados pontos e levou pequenos e micro empresários à falência. Outros foram praticamente forçados a desistir de seus pontos, por causa da necessidade de desapropriação. 

Avenida Prainha, no centro de Cuiabá, é um dos exemplos de esvaziamento por conta do VLT (Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

Esvaziamento 

O impacto do modal fez surgir opiniões sobre “áreas fantasmas”, esvaziadas pelo projeto polêmico e que continuam sem previsão de conclusão.  

“Não diria que sejam áreas fantasmas, pois sempre há a possibilidade de recuperação, desde que haja revitalização e um trabalho conjunto para tornar essas áreas atrativas. Mas isso passa pela definição se teremos ou não a instalação de algum modal, seja ele qual for”, disse o presidente do Secovi, Marcos Pessoz. 

É essa indefinição que volta a assombrar. Pessoz afirma que alguns pontos ao longo do trajeto do modal continuaram sem aposta de empresários visto que a lição já foi apreendida com os prejuízos do VLT. 

Hoje, o Centro Histórico de Cuiabá, por exemplo, continua com pouco fluxo pela obra paralisada: caiu o movimento, os empresários saem dos locais para frear perdas e a ocupação é feita pela criminalidade. 

Na época, A Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) estimava que ao menos 40% das empresas no entorno direto às obras do VLT fecharam as portas e deixaram de manter 500 empregos diretos

Fora isso, mais de 300 imóveis entraram para a lista de desapropriações na Grande Cuiabá 

Avenida da FEB, em Várzea Grande, recebeu os trilhos e só (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

Ciclo de crescimento 

O Secovi afirma que a queda de juros no ano passado impulsionou a venda de imóveis residenciais e comerciais em Cuiabá. Os números foram puxados, principalmente, pela maior segurança das classes média e alta. 

Em 2020, houve movimentação de R$ 3,2 bilhões em venda de imóveis. Somente de outubro a dezembro, foram movimentados R$ 1,1 bilhão, mostrando um encerramento de ano aquecido. 

Os dados são considerados como a abertura de um ciclo de sete anos de crescimento. A estimativa é que o mercado imobiliário continue a crescer num patamar semelhante por mais seis anos. É dessa retomada que áreas que estão no projeto do VLT (ou BRT) estão para escanteio. 

“E não é um problema simples. Só na Justiça, temos processos de desapropriações que duram mais de sete anos. Por que demora tanto? O Estado tem a faca e o queijo nas mãos. Mas, se demorar muito para definir, esse tempo vai passar e não sabemos quando terá chance de retomada de novo”, pontua Pessoz. 

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