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Apresentações de grupos nordestinos dedicados ao coco atraem público ao Sesc Arsenal

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Apresentações de grupos nordestinos dedicados ao coco atraem público ao Sesc Arsenal

Ao celebrar os 20 anos do projeto Sonora Brasil, o Sesc convidou para circular por várias cidades brasileiras, grupos dedicados a manter acesa a tradição de uma das manifestações mais tradicionais do Nordeste brasileiro, o coco.

Em Cuiabá, a série de apresentações será concluída neste fim de semana com a participação de dois grupos. Na sexta-feira (29) o Coco de Tebei, que vem de Pernambuco, encanta o público. A apresentação será no Jardim do Sesc Arsenal, a partir das 20 horas. A entrada é gratuita.

Esse coco é praticado por um grupo de agricultores e tecelões da comunidade Olho D’Agua do Bruno, na cidade de Tacaratu, Pernambuco, localizada na região do Médio São Francisco, próximo à divisa com Bahia e Alagoas. A paisagem local é típica do sertão nordestino: terra seca, casas esparsas e muito precárias, mandacaru e alguma criação animal.

O Coco de Tebei é cantado por mulheres e dançado por casais. Não utiliza instrumentos e a base rítmica é marcada pela pisada dos dançadores. A sonoridade que resulta do canto somado ao ritmo da pisada nos remete, de certa forma, a uma ritualística indígena, que se caracteriza pelo contraste de timbre entre o metal das vozes femininas e o som seco da pisada no chão, e pela ausência de nuances em cada um dos elementos. Também faz parte da memória do grupo a cantoria do rojão, associado ao uso da enxada na preparação da terra para o plantio.

Já no sábado (30), também às 20h e no Jardim do Sesc Arsenal, o público cuiabano conhece o Samba de Pareia da Mussuca, que vem de Sergipe. O Povoado de Mussuca fica no município de Laranjeiras, a 23 Km de Aracaju.

É uma comunidade de remanescentes quilombolas que se empenha para manter as tradições herdadas de seus antepassados, como a Dança de São Gonçalo e o Samba de Pareia. A pesca e a cata de crustáceos, como o caranguejo e o sururu, são atividades econômicas tradicionais que envolvem muitas famílias, e se desdobram numa culinária atraente que contribui para o desenvolvimento da economia local.

O samba não se caracteriza como um folguedo, mas apresenta dança coreografada e trajes padronizados. As letras das músicas fazem alusão a situações do dia-a-dia, normalmente com muita irreverência.

O grupo é liderado por uma mestra, Dona Nadir, o que é raro nos grupos de tradição, onde as funções de liderança normalmente cabem aos homens, e conta também com a participação de Mangueira (Acrisio dos Santos), Carmélia dos Santos, Elenilde da Silva, Maria Edenia dos Santos, Maria Ednilde dos Santos, Cecé (Maria José dos Santos), Maria Lucia Santos, Maria Luiza dos Santos, Maria José dos Santos e Normália dos Santos.

Saiba mais

Coco de roda, samba de coco, coco de zambê, coco de pareia, coco furado, coco de embolada: são muitas as variantes que justificam a denominação “cocos”, sempre no plural. Na pisada os cocos apresentam variantes desta expressão lítero-cênico-musical típica da região Nordeste do Brasil trazendo dois grupos que praticam cocos do litoral e dois do interior.

É uma prática coletiva que envolve, na maioria das vezes, grupos mistos, formados por homens e mulheres, que são encontrados em áreas urbanas e na zona rural, inclusive em aldeias indígenas e comunidades quilombolas, onde a dança e a música, integradas, estão presentes nos terreiros, nas festas populares e em ritos religiosos.

Cantadores e dançadores são acompanhados ora por instrumentos de percussão como bumbo, ganzá, pandeiro e caixa, – a exemplo -, ora por palmas ou pela batida dos pés que marcam o andamento, simulando a pisada que prepara o chão batido, atividade praticada nos mutirões a qual se atribui esta característica da dança.

 

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