Rudy Trindade/Framephoto/Estadão Conteúdo
Ala “Uso indevido dos agrotóxicos teve integrantes vestidos com bombas costais para aplicação de defensivos agrícolas
Após irritar o agronegócio brasileiro, a escola de samba Imperatriz Leopoldinense desfilou na noite de domingo (26) e levou uma das principais lideranças indígenas do mundo, o cacique Raoni Metuktire, para a avenida.
O samba enredo “Xingu, o clamor da floresta” fez críticas à cobiça do caraíba – o homem não índio – que “sangra” o país. Também fez referência ao “belo monstro” que “devora as matas e seca os rios”, num trocadilho com a usina hidrelétrica de Belo Monte.
No desfile, a Imperatriz mostrou a fauna e flora do Xingu, os rituais sagrados dos povos e a influência do homem não índio na natureza.
A ala mais polêmica, que trouxe foliões identificados com a caveira que simboliza substâncias tóxicas, teve o nome alterado de “Os fazendeiros e seus agrotóxicos” para “O uso indevido dos agrotóxicos” após encontro da diretoria da escola com representantes da Sociedade Rural Brasileira (SRB).
A escola tem oito títulos de campeã no Grupo Especial.
O enredo da polêmica
Os preparativos para o desfile da Imperatriz foram cercados de polêmica. Houve reações de todos os lados. Da bancada ruralista do Congresso, indignação contra as palavras usadas pelos carnavalescos. Na outra ponta, a Articulação Nacional de Agroecologia e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) defenderam a escola, apontando exagero dos representantes do agronegócio.
“As entidades que reagiram contra o enredo da escola de samba defendem um agronegócio apresentado como pop pela grande mídia. Mas, um pop que mata! Mata a terra e os demais seres que dela vivem”, afirmou a CPT, em nota.