Um homem ainda não identificado foi encontrado morto e com a cabeça em chamas na noite dessa terça-feira (29). Não havia ninguém perto do corpo, porém, os policiais seguiram os rastros de sangue e chegaram a uma quitinete vazia, onde tudo indicava que havia acontecido um churrasco. Eles seguiram as pistas e chegaram a um suspeito e a uma possível testemunha.
A Polícia Militar foi acionada por volta das 22h25 dessa terça-feira (29). Moradores diziam que na Rua Adelino José Zamo, no centro da cidade de Campos de Júlio (520 km de Cuiabá), próximo a uma auto elétrica, havia uma pessoa caída, sozinha, com um pano na cabeça e que o pano estava pegando fogo.
Os militares pediram que essas pessoas apagassem o fogo, informaram o hospital municipal o que teria acontecido, para que uma equipe fizesse o socorro, e foram até o local, onde encontraram um homem de cor branca, com a face queimada, ainda em brasa e com marcas de sangue pelo corpo.
[featured_paragraph]A equipe de Pronto-Atendimento chegou em seguida e constatou que a vítima já estava sem vida. Como havia marcas de sangue até onde o corpo estava, os policiais seguiram os rastros e chegaram a um conjunto de quitinetes, onde havia sinais de luta, muito sangue pelo chão e uma área onde parecia que alguém tinha tentado limpar o sangue, mas não conseguiu apagar os vestígios.[/featured_paragraph]
Conforme o boletim de ocorrência, no local ainda havia uma chapa ainda com carne e materiais e utensílios domésticos caídos pelo chão. Além disso, havia uma garrafa de cachaça em cima de uma mesa pequena e utensílios jogados na porta de uma das quitinetes.
Como a luz dessa quitinete estava ligada, os policiais chamaram o morador, que se apresentou, foi revistado e nada de ilícito foi encontrado nem com ele e nem na casa. Ele afirmou que não tinha saído, nem ouvido nada.
Pouco depois, o morador de outra quitinete chegou dizendo que ficou sabendo do assassinato por “amigos”. Ele foi revistado – nada foi encontrado – e afirmou ter saído de casa por volta das 09 horas da manhã dessa terça-feira (29) e não voltado mais.
Porém, quando ele abriu a porta da sua quitinete, que estava trancada, havia marcas de calçados que tinham acabado de entrar na casa, pois, segundo o boletim de ocorrência, ainda estavam molhados (havia chovido há pouco).
Desconfiados das versões dos moradores, os militares colocaram os dois na viatura e acionaram a Polícia Judiciária Civil e uma equipe de peritos criminais da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) de Pontes e Lacerda (450 km de Cuiabá).
Os peritos notaram que a vítima estava sem documentos e que um dos bolsos dela estava revirado para fora, como se alguém retirasse alguma coisa de dentro, “podendo terem sido subtraídos os documentos para dificultar a identificação da vítima, assim como a desfiguração do rosto pelo fogo”, consta no boletim de ocorrência.
O frentista não vendeu, porque o posto só vende com galões apropriados e certificados e, por isso, os homens teriam dito que iriam a outro posto.
Já na delegacia, conforme o boletim de ocorrência, o primeiro morador encontrado pela Polícia Militar, de 56 anos, disse que saiu de manhã de casa e viu o vizinho, que chegou depois quando os policiais já estavam no conjunto de quitinete, na companhia de duas pessoas, fazendo churrasco.
O morador de 56 anos disse que foi até o restaurante do genro dele e quando voltou ainda encontrou o vizinho, de 33 anos, com os outros dois homens, um negro alto e outro branco e magro.
Ele disse que o vizinho de 33 anos saiu com o homem negro e alto em uma motocicleta e voltou em seguida, momento em que chegou a comer e ingerir bebidas alcoólicas com eles. Ele afirmou ter ficado em companhia deles até as 14 horas e dormido depois, não ouvindo mais nada.
O vizinho de 33 anos, por sua vez, conforme o boletim de ocorrência, disse na delegacia que conhecia os dois homens que estavam com ele fazendo churrasco, porém, não sabia informar o nome deles, dizendo que o negro era esposo de uma mulher chamada “Catucha” e o branco ele só conhecia de vista, da rua e dos bares, “contradizendo o que relatou anteriormente, que teria saído por volta das 09 horas da manhã e não teria mais voltado”, consta no boletim.
Os peritos criminais encontraram várias perfurações no pescoço da vítima, que, até o registro da ocorrência, não havia sido identificada. As únicas características descritas são que ele é branco, tem entre 1,70 e 1,80 de altura, uma tatuagem de símbolo do equilíbrio chinês na coxa direita, “mãe e pai” no braço esquerdo, e mais uma tatuagem, sem definição, no antebraço direito.
O corpo foi recolhido e o caso foi registrado na delegacia de Campos de Júlio como homicídio doloso, sendo que o morador de 56 anos foi incluído apenas como testemunha e o de 33 anos como suspeito. A identidade da vítima, porém, segue um mistério.