Em Mato Grosso, apenas 33% das cidades têm leitos de Unidade de Tratamento Intensiva (UTI) disponíveis para atendimento de pacientes. E, a grande maioria, está concentrada em Cuiabá.
Na prática, apenas 46 dos 141 municípios estão preparados para internar pacientes com a forma grave do covid-19.
Quem analisou os dados sobre a disponibilidade de leitos foram os pesquisadores do Departamento de Geografia e do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
“Existe grande concentração dos leitos hospitalares em geral e das UTI em Cuiabá. Esta concentração reflete diretamente a capacidade do Estado em atuar frente aos problemas de gerenciamento dos serviços de saúde. A maioria dos municípios mato-grossenses (67%) não possui nenhuma UTI, e em 20 municípios há apenas uma”, pontua.
O estudo foi realizado com o objetivo de avaliar a infraestrutura da rede saúde em Mato Grosso para enfrentamento da infeção do coronavírus nas próximas semanas.
Proporção
A base de averiguação do estudo seguiu as 16 regiões de saúde em que Mato Grosso divide a rede de atendimento.
Ele aponta, com base em dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e do Sistema de Informação Hospitalares (SIH/SUS) do Ministério da Saúde, a quantidade de 4.829 leitos em Mato Grosso, sendo 3.386 do Sistema Único de Saúde (SUS) e 1.444 em hospitais particulares.
Para a proporção de um leito para cada grupo de dez mil habitantes, o índice é de 13,7 leitos.
“Porém, esta proporção é bastante desigual nas diferentes regiões de saúde do estado, variando de taxas de 8,9 a 18,5 leitos por 10 mil habitantes”.
Se considerados apenas os leitos de UTI, a média fica em 2,16 leitos na proporção de 10 mil habitantes. Esse número está na faixa recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de 1 a 3 leitos para o mesmo grupo.
Desproporção
Cinco municípios concentram até nove vezes o número de leitos acima da média recomendada pela OMS. Cuiabá tem a maior média com 18,5 leitos para cada 10 mil pessoas, Água Boa aparece logo em seguida com 16,4/10 mil.
Eles são seguidos por Sinop (8,95), São Félix do Araguaia (9,23) e Tangará da Serra (9,85).
Porém, no caso de Água Boa, nenhum leito disponível é para internação em UTI. O município está lista dos polos para atendimento da saúde na região norte de Mato Grosso. Junto com São Félix do Araguaia, região concentra 120 mil habitantes, abrangendo 13 municípios.
Conforme o estudo da UFMT, a taxa de leitos por 10 mil habitantes dessas cidades varia de 0,22 e 1,10 leito.