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Apaixonado pela paternidade, engenheiro cria página para mostrar o lado bom de ser pai

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Apaixonado pela paternidade, engenheiro cria página para mostrar o lado bom de ser pai

Desde a primeira gravidez que acompanhou da sua esposa, o engenheiro agrônomo várzea-grandense Lévender Mattos, de 32 anos, viu sua vida mudar completamente. Hiperativo, ele se entregou ao dom de ser pai e viu essa “nova profissão” dar-lhe a chance de se reinventar, tanto no trabalho quanto na vida. Ele se apaixonou de tal maneira pela paternidade que resolveu dividir essa experiência em uma página nas redes sociais, onde apresenta os melhores momentos do “ofício”.

Quando se casou com a esposa, ela já tinha um filho. Lévender criou o garoto, hoje com 16 anos, como se fosse seu. Quando veio o segundo, junto da gravidez e todas as descobertas do processo, tudo era novidade e precisava ser contado. Nasceu, assim, a matéria-prima da página.

Página

A “Paiterapia” foi criada para dividir as novidades do crescimento do filho do meio, hoje com cinco anos, e com os avós, que moram em Cuiabá. Lévender e a esposa, Patrícia Fernanda Salvador Mattos, de 34 anos, moram em Tangará da Serra. Como eles sempre ligavam para saber dos netos, Lévender acreditou que escrever faria os avós se sentirem mais próximos.

“Tinha dia que eu estava muito ocupado, trabalhava em empresa privada e, na correria, eu lembrava a noite: ‘esqueci de falar que ele fez tal coisa’. E daí eu passei a relatar, na minha página pessoal, alguns textos”, lembrou o engenheiro.

Lévender já tinha recebido recomendação médica para procurar algo que gostasse de fazer para auxiliar na terapia – ele é hiperativo e sofre de déficit de atenção. No início, tentou cozinhar, mas foi na escrita e na paternidade que se encontrou. E se reinventou.

[featured_paragraph]“Eu percebi que escrever me auxiliava bastante na terapia. E acabei economizando nas consultas e nos remédios, porque hoje só os filhos já me suprem das crises de ansiedade, todas aquelas paranoias da vida adulta, de mudar, pressão, meta. E eu consegui me mudar tanto que mudei até mesmo de empresa, foi bem transformador”, contou, ao citar a segunda reinvenção.[/featured_paragraph]

Os relatos, a princípio, eram escritos somente em sua página pessoal. Até que, em dezembro de 2016, vendo álbuns de família durante o Natal, ele pensou que mesmo com poucas fotos arquivadas, conseguia remeter a muitas lembranças da infância e queria que os filhos tivessem essa mesma experiência no futuro, mas de uma forma melhorada.

Foi assim que, em janeiro de 2017, a Paiterapia foi criada oficialmente, com a ideia de ser um álbum para que, no futuro, os filhos entrassem e vissem como foi a infância deles. E o que era para ser compartilhado somente com a família, ganhou repercussão local e estadual e, hoje, mais de 1000 pessoas acompanham o dia a dia da família Mattos no Facebook e no Instagram.

Em Tangará eles já são até reconhecidos na rua. E na página eles recebem dezenas de mensagens de pessoas que se reconhecem nos relatos. “A gente trata de uma forma bem descontraída, com muita criatividade, mas, na verdade, meu papel é mais de relatar o lado positivo de ser pai”, disse Lévender.

Com o sucesso da página, que chegou a ter publicação com mais de 15 mil visualizações, Lévender passou a também transcrever os textos para uma coluna num jornal da região, que é publicado toda sexta-feira. Dentre todos os textos, os favoritos do engenheiro são as “Cartas para Enzo”, o filho do meio, em que ele conta sua vida com a esperança que o filho vá ler no futuro.

Além das avós, que são as maiores fãs da Paiterapia, Lévender fica emocionado ao perceber que muitas pessoas que acompanham a página já tratam os meninos como se fossem da família.

“E eu to revivendo a minha infância, tem umas coisas que parecem tão insignificantes que aconteceram, mas hoje a gente vê a dimensão e o quanto refletiu na criação do ser humano e do pai que sou”.

Paixão da paternidade

No primeiro filho que Lévender viu nascer, ele buscava incessantemente uma forma de participar e, com isso, acabou fazendo até algumas loucuras, porque lia na internet que faria bem para o bebê. Por exemplo: ele colocou música clássica para o filho escutar quando ainda estava no ventre da mãe. Ele acredita que essas falhas vêm do fato de que muitos pais ainda não sabem o que fazer.

“Eu acho que é um erro de conexão com a paternidade, porque o papel da mãe é muito bem fundamentado, muito bem tratado, já o do pai não”, disse.

Naturalmente curioso, ele resolveu estudar a paternidade ativa e descobriu que muitos homens são realmente transformados pela paternidade, assim como ele, que afirma existirem dois Lévenders, o antes e o depois de ser pai.

Novidades

Patrícia está grávida de três meses. Uma gravidez planejada e muito sonhada pelo casal. Dessa vez a criação será totalmente diferente, visto que ambos trabalham em casa e buscaram essa possibilidade justamente para ficar mais perto dos filhos.

“Eu gosto muito de ser pai e eu acho que às vezes a experiência que a gente tem vai muito da criação que a gente teve, com nosso pai, avô. Um ambiente harmonioso contribui muito para a formação do ser humano, para deixá-los muito mais preparados, muito mais receptivos”, afirmou.

Para ele, a coisa mais importante para um bom pai é a atenção com os filhos, pensar sempre na forma de falar e de agir com eles. Além disso, assim como aprendeu nas terapias, ele acredita que valorizar as crianças também ajuda muito na criação, elogiando sempre que fazem algo bom.

“E a gente tem que aproveitar o momento, aproveitar a oportunidade. Viva a paternidade, crie um ambiente para que a esposa possa ter uma gestação tranquila, vá às consultas, viva a experiência também, dê palpite, ajude a escolher o nome dos filhos, entre no clima da paternidade, não deixe a mãe sobrecarregar. Ser pai é a melhor oportunidade de a gente se redescobrir e se transformar”.

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