Pintor e desenhista nascido em Campo Grande (MS), que desenvolveu importante trabalho de divulgação da cultura regional, entre a cidade vizinha e Cuiabá, Humberto Espíndola vai receber o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. A solenidade será no dia 22 de julho, às 20h, no Teatro Glauce Rocha, na Cidade Universitária, em Campo Grande.
Na mesma cerimônia, serão contemplados também, o cantor e compositor Almir Sater e outro artista plástico, Isaac Oliveira. A honraria acadêmica é concedida a nomes que tenham contribuído grandemente com a sociedade. A decisão foi aprovada por unanimidade na 140ª Reunião Ordinária do Conselho Universitário (Coun).
Humberto Espíndola foi indicado como uma forma de reconhecimento aos mais de 50 anos de produção artística relevante para a cultura sul-mato-grossense, com destaque no cenário internacional, pela professora Vera Lúcia Penzo, diretora da a Faculdade de Artes, Letras e Comunicação (Faalc).
Já Almir Sater é compositor, instrumentista e cantor sul-mato-grossense que, por sua carreira artística e influência cultural, foi indicado à homenagem pelo pró-reitor de Extensão, Cultura e Esporte (Proece), Marcelo Fernandes.
O artista plástico Isaac de Oliveira contribui com sua arte para a consolidação da cultura sul-mato-grossense nos cenários nacional e internacional e por esta razão o diretor do Campus de Aquidauana (CPAQ), professor Auri Claudionei Matos Frübel, o indicou.
Relevância no cenário local
É grande a contribuição de Humberto Espíndola à cultura mato-grossense. Em 1966 ele organizou a primeira exposição dos artistas mato-grossenses, em Campo Grande, onde em 1967 – quando o Estado era um só -, fundou também, a Associação Mato-Grossense de Arte.
Voltado a temáticas regionais, produz pintura inspiradas na bovinocultura. É de sua autoria o painel da fachada do Palácio Paiaguás (pintado em 1974), verdadeiro patrimônio histórico e cultural da capital mato-grossense.
Em 1973, ao lado da companheira, a crítica de arte Aline Figueiredo, deu início a um movimento sem precedentes, que projetou artistas locais ao divulgar a cultura regional, consolidado pela criação do Museu de Arte e Cultura Popular, ligado à Universidade Federal de Mato Grosso, em Cuiabá. Ele esteve à frente do MACP até 1982.
Outra arte de sua autoria pode ser contemplada pela população no trevo do Centro de Eventos do Pantanal.
De acordo com a Enciclopédia do Itaú Cultural, a produção de Humberto Espíndola parte do tema do boi, visto como símbolo da riqueza de Mato Grosso. Em Bovinocultura, realiza um retrato sarcástico da sociedade do boi, que é principalmente moeda e símbolo de poder. Em seus primeiros trabalhos, Espíndola apresenta o animal envolto em penumbra, provocando estranheza.
A efígie do boi, em suas telas, é colocada em um primeiro plano, ou isolada em um oval central, ganhando a dimensão de nobreza de um retrato. Em Glória ao Boi nas Alturas (1967), utiliza uma deliberada frontalidade do animal, em torno do qual se acumulam máscaras, imprimindo ao quadro um ritmo dinâmico.
Alguns quadros possuem um sentido simbólico, com a utilização das cores da bandeira brasileira. Em outros, emprega crachás e medalhas, que remetem a exposições agro-pecuárias. Como nota o crítico Frederico Morais, Espíndola humaniza o boi, para denunciar a vontade de poder do ser humano, como ocorre em O Tirano (1984). Já na série Arqueologia do Boi – Boi Branco (1993), destacam-se o uso de tonalidades rebaixadas e o caráter mágico. O artista realiza posteriormente gravuras geradas e coloridas em computador, nas quais obtém grande potência no colorido, como em Vaca Escada (2001).
(Com Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras e UFMS)
