Milhões de brasileiros votaram contra o sistema. Este eleitor não quer dinheiro, só quer se livrar do petismo (parece ter conseguido), ter segurança (armar o cidadão não é garantia disso) e ser menos explorado pelo Estado (menos impostos, menos burocracia e menos Estado). Para tudo isso, serão necessárias reformas. Será fácil fazê-las?

[featured_paragraph]Uma eleição em dois turnos apresenta nuances inimagináveis, pois vencer a eleição se torna mais importante que governar. Isso faz com que os candidatos, no afã de conquistar o eleitor do adversário, acabem caminhando para a mesma direção, ou seja, o centro.[/featured_paragraph]

O Bolsonaro de antes da eleição era um valentão (inquisidor) que durou até a pré-campanha. Do final da pré-campanha até a facada foi o salvador da pátria estilo Super-Homem. Da facada até a eleição, um nacionalista patriota. E este o conduziu ao segundo turno.

No segundo turno esteve em constante mutação, pressionado pelas acusações do adversário cujos vídeos com seu rosto e sua voz ecoaram em todas as redes de comunicação, terminou conduzindo para um discurso moderado, meio PSDB na economia, PT no social e Donald Trump na moral (ora conservador, ora revoltado, ora populista, ora distribuidor de rendas, quase um socialista). Ai vem a pergunta: qual Bolsonaro irá governar o Brasil? Só o tempo dirá.

Qual Brasil o presidente eleito Jair Bolsonaro vai encontrar em 2019? O país ficou dividido territorialmente e em categorias. Está claro que os mais dependentes do Estado para existirem foram contra o eleito. E o eleitorado do Bolsonaro são aqueles que sempre terminam por pagar a conta. Agora vão cobrar a fatura.

A campanha foi fraquíssima e o agora presidente Bolsonaro, eleito com a bandeira “eu odeio o PT”, arrebanhou milhões de brasileiros, principalmente os que pagam a conta. Como o verdadeiro adversário estava na cadeia, o carro chefe da campanha foram acusações, desqualificação e bate boca.

A função básica e primordial do cargo de presidente não foi debatida. Reformas estruturantes e estruturais, economia, saúde, educação e modelos estruturados de segurança não estiveram em pauta e nem sequer foi pano de fundo nem dos horários eleitorais nem das redes sociais.

Acontece que parte destes eleitores que elegeram Bolsonaro presidente estão com a expectativa muito acima das possibilidades de realização. Quanto tempo este mesmo eleitor terá de paciência?

O presidente eleito está preparado para gestar para além das pautas polêmicas e conceituais (mimimis) que o brasileiro médio já estava saturado e por isso o escolheu?

O dia 28 de outubro de 2018 marcou o fim de um longo ano, que começou em 2013, na crise da Copa das Confederações, com a passeata sobre o preço do passe de ônibus em São Paulo. Mas 2019 só começa de verdade com Bolsonaro na cadeira de presidente e com o Congresso recomposto com as novas caras. Por tudo isso 2019 será o ano do Bolsonaro. Ele terá só um ano, ou cai no agrado do brasileiro ou cai! Quem viver verá e contará a história: no bar, nas festas ou nas ruas em protestos.

*João Edisom é analista político com formação em alguns dos principais centros de pensamento político do país como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

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