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Alunos ameaçam ataque a escola e causam pânico em cidade de MT

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Alunos ameaçam ataque a escola e causam pânico em cidade de MT
Foto: Ivan Oliveira / Rádio Sorriso FM

As aulas foram suspensas por dois dias após a circulação, na noite dessa quarta-feira (3), de mensagens ameaçadoras em um grupo de WhatsApp criado por alunos, dando conta de um suposto ataque na Escola Estadual 13 de Maio, em Sorriso (400 km de Cuiabá). Alguns criadores do grupo intitulado “GP do massacre 13 de maio” postaram graves ameaças à unidade de ensino, inclusive com o modus operandi dos supostos ataques.

O fato assustou a população e muitos pais nem levaram seus filhos à escola nessa quinta-feira (4).

Uma das capturas de tela de conversas do grupo, que circula nas redes sociais, mostra alunos sugerindo que sejam levadas facas e outros objetos para o suposto ataque.

“Sugiro que levem rojão, daqueles que fazem um barulho alto. E levem uma faca ou facão leve, dois, porque quando você corta carne que tem gordura que vai desafiar o facão (sic)”, escreveu um dos participantes do grupo.

Uma aluna da instituição – que optou por não se identificar – contou ter ficado assustada com as conversas, já que alguns integrantes do grupo não têm boa reputação na unidade de ensino.

“Eu recebi algumas mensagens e fiquei com muito medo de ir à escola. Chorei para minha mãe falando que eu não queria ir, acho que as ameaças realmente iam se concretizar”, relatou apavorada à reportagem.

Mãe de uma aluna, Dálete Dias contou que não irá deixar sua filha voltar para a escola até que a situação seja resolvida.

“Fiquei muito assustada, não vou deixar que minha filha vá a escola até que seja oferecida a segurança necessária para os estudantes. Tentei entrar em contato com a instituição, porém ninguém me atendeu. Esses alunos que criaram o grupo têm que responder pelos atos, isso não pode ficar assim”, declarou ela, dizendo, ainda, que não vai esperar que a tragédia aconteça para lamentar, “não posso ariscar a vida da minha filha”, disse.

Dálete afirmou acreditar que as ameaças são sérias, que não se trata de brincadeiras e que podem traumatizar os estudantes.

“Nos outros lugares onde aconteceram massacres, várias ameaças foram feitas antes. Porém, ninguém acreditou. Não devemos encarar isso como brincadeira, pois é coisa séria. Devemos ficar atentos”, ponderou.

Já o delegado André Ribeiro, que está investigando o caso, fez questão de tranquilizar a comunidade, dizendo que as ameaças não passaram de uma “brincadeira infeliz”.

“Logo cedo recebemos essa informação e deslocamos uma equipe da polícia até a escola. Mas classifico isso como uma brincadeira infeliz de alunos querendo causar um tumulto na unidade”, afirmou o Ribeiro ao LIVRE.

Para a professora Sueli Teixeira, que trabalha na Escola 13 de Maio, as ameaças não devem ser vistas como mera “brincadeira”. Ela relatou ainda que enquanto não acontecerem mudanças, ninguém estará seguro nas escolas.

“Minha vontade é ir embora e nunca mais voltar, sinto-me refém de um sistema falido. É como se aqui fosse um depósito de gente. Não se preocupam com a qualidade da educação, da estrutura física. Enquanto não houver uma mudança brusca no sistema de ensino, ninguém estará seguro em sala de aula”, lamentou.

Sueli relatou, ainda, que muitas vezes o sistema obriga a instituição a conviver com situações como essa.

“Quando tentamos separar o joio do trigo, dando advertências ou expulsando os alunos que só vem pra cá para fazer coisa errada, somos obrigados a manter os educandos aqui”, contou a professora, indignada com a situação.

Já outra servidora da escola – que optou pelo anonimato – declarou que os alunos já foram identificados.

“A escola prioriza a segurança dos outros alunos. Mesmo que seja brincadeira, isso não é coisa que se faça. Até o momento, cinco estudantes já foram identificados e eles serão punidos com expulsão”, contou.

A punição foi confirmada pelo delegado. De acordo com ele, os alunos serão responsabilizados “administrativamente e criminalmente junto ao Ministério Público”.

A servidora ainda lembrou que muitas vezes situações como essa acontecem em decorrência do abandono dos pais.

“Muitas vezes os pais esquecem de ver com quem seus filhos andam e conversam. Dão tudo para as crianças e adolescentes, menos educação, amor e carinho, que são essenciais”, ressaltou.

As aulas ficarão suspensas durante esta quinta e sexta-feira (4 e 5) e retornarão na segunda-feira (8).

Recorrência

Casos de ameaças de ataques a instituições escolares têm se tornado recorrentes após o massacre ocorrido na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano (SP). Cidades como Várzea Grande, Sinop, Cáceres, Feliz Natal e Nova Ubiratã já foram alvos de ameaças em Mato Grosso.

“Vários fatos de alunos fazendo essas ameaças vêm acontecendo. Em Nova Ubiratã, por exemplo, ocorreu um fato semelhante, assustando os alunos e a comunidade. As crianças vêm se espelhando no ataque de Suzano”, contou o delegado André Ribeiro.

Ações parecidas não vêm acontecendo apenas em Mato Grosso. Na noite desta quarta-feira (3), três adolescentes mascarados e armados com machado invadiram a Escola Estadual Professora Maria das Graças Cavalcante di Mario, em Imbaú, no Paraná. Apesar do susto, ninguém se feriu.

De acordo com a polícia do município, antes da invasão, os acusados desligaram o disjuntor de um dos blocos da escola, deixando as salas de aula sem luz. Os três envolvidos foram apreendidos pela Polícia Militar e encaminhados à delegacia.

Seduc garante promover ações contra violência na escola

Em nota, a assessoria da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) relatou estar acompanhando o caso ocorrido em Sorriso por meio da Assessoria Pedagógica do município. Foi informado, ainda, que a Seduc vem promovendo diversas ações com os alunos e a comunidade visando à prevenção da violência no âmbito escolar.

Confira a nota na íntegra

Em relação ao ocorrido na Escola Estadual 13 de Maio, em Sorriso, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) informa que está acompanhando o caso, por meio da Assessoria Pedagógica do município. A direção da escola acionou a Polícia que já tomou as devidas providências.

Em casos de registros de violência nas escolas, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) orienta a equipe gestora das unidades a registrar Boletim de Ocorrência; entrar em contato com o Conselho Tutelar e a Promotoria da Infância e Adolescência para informar sobre a situação; reunir com os pais e/ou responsáveis dos alunos envolvidos nos casos para discutir sobre a situação.

A Seduc promove várias ações com os alunos e a comunidade escolar visando a prevenção da violência no âmbito escolar. Entre as ações está o projeto Anjos da Escola, que visa reduzir a evasão escolar, indisciplina, violência e infrequência. O projeto é trabalhado com a participação efetiva dos pais. São três pilares centrais de atuação: Saúde na Escola, Paz na Escola e Mediação Escolar.

Dentro do eixo Saúde na Escola são desenvolvidas ações para identificar problemas e melhorar a saúde bucal, auditiva e ocular dos estudantes. O Paz na Escola tem como principal objetivo o combate à violência escolar. Os batalhões da Polícia Militar intensificam as rondas policiais, palestras, cursos, bem como desenvolve um relacionamento de amizade e confiança com as comunidades. Já o Mediação Escolar visa a resolver os principais conflitos dentro das escolas, por meio de ações educativas e preventivas, evitando que as ocorrências se tornem mais graves e precisem de intervenções jurídicas.

Além do Anjos da Escola, a Seduc promove ainda projetos em parceria com outras instituições públicas, como Um Por Todos e Todos Por Um, TCE Estudantil, Voto Consciente, Proerd, Rede Cidadã, Curso de Mediação de Conflitos Escolar, Jovem Embaixador e o Programa de Saúde na Escola. Essas ações são realizadas em parceria com o Ministério Público Estadual, Poder Judiciário de Mato Grosso, Tribunal Regional Eleitoral (TER), Defensoria Pública, Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), Polícia Militar, Polícia Civil, Conselho Tutelar e o Centro de Referência da Assistência Social (Cras).

São conjuntos de ações que contribuem para criar nos alunos o protagonismo e o empoderamento, buscando formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres e com respeito ao próximo.

Promove ainda o projeto Arte e Comunicação (Educarte), que envolve atividades com música, desenho, teatro, dança, artesanato, rádio e jornal escolar, entre outros.

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