O prefeito Bruno Covas e o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, visitaram na tarde desta quinta-feira (2) os imigrantes venezuelanos que estão no Centro Temporário de Acolhimento (CTA) São Mateus, na zona leste da capital paulista. Segundo Covas, o ministro veio a São Paulo verificar e acompanhar o trabalho de atendimento aos imigrantes feito pelo município.

“[É] compromisso da cidade de São Paulo receber aqueles que, passando por uma situação de necessidade, precisaram sair de seus países”, disse o prefeito. Até o momento, 212 venezuelanos foram recebidos na cidade.

Aloysio Nunes classificou de “exemplar e fraternal” o acolhimento que a prefeitura, em parceria  com a sociedade civil, dá aos imigrantes venezuelanos. O ministro destacou as condições dignas de moradia, ainda que provisória, o ensino da língua  portuguesa e, sobretudo, aquilo que os imigrantes mais desejam: “ajuda para encontrar emprego”. Dos 212 venezuelanos acolhidos pela prefeitura, 67 arrumaram emprego.

“Eu conversei com vários deles, já estão falando português, muitos deles, mas a grande aspiração é arrumar um emprego e, um dia, eventualmente voltar a seu país, quando as condições permitirem. Mas, assim como meus avós vieram para o Brasil em 1901, pensando em voltar para a Itália e ficaram por aqui, se quiserem ficar por aqui serão muito bem-vindos”, acrescentou o ministro.

De acordo com o secretário municipal de Assistência Social, Filipe Sabará, até o fm deste ano, a cidade terá acolhido um total de 300 imigrantes venezuelanos, entre homens e mulheres adultos. “Estamos em conversas com os consulados internacionais, inclusive dos Estados Unidos, que têm feito propostas de doação para que a gente possa concluir esse número de 300 pessoas, que foi o prometido pela prefeitura até o final de 2018”, disse Sabará.

“Aqui tem tudo”

O venezuelano Carlos José López, de 28 anos, está em São Paulo desde 5 de abril, abrigado no CTA São Mateus e, há um mês, trabalha no McDonald’s. Seu salário, porém, já tem destino certo: a família, que ficou na Venezuela. “A vida lá agora está ruim. Não tem trabalho, não tem comida. Meus filhos não têm comida. Vim para o Brasil para mandar dinheiro para eles e depois trazê-los para cá”, contou López.

“Quero me estabelecer aqui em São Paulo com minha família. Eu gosto da cidade, é melhor do que na Venezuela no transporte, nos serviços. Nos supermercados tem comida, tem lugares para comer”, acrescentou o venezuelano, lamentando apenas os altos valores do aluguel de imóveis, que não consegue pagar com o salário que recebe.

Sobre o atendimento municipal, ele não tem reclamações. “O atendimento é bom, tomo café da manhã, almoço, tomo banho e vou trabalhar. Volto à 1h da madrugada. Consegui o emprego com a ajuda dos técnicos daqui, eles encaminham para a entrevista [de emprego], e a gente vai.”

O jovem Moisés Javier Gusmán, de 20 anos, também chegou à cidade em abril. Primeiro, Gusmán foi acolhido na Missão Paz, entidade da sociedade civil, passando depois para no CTA São Mateus. Ele deixou a mãe e cinco irmãos, entre 4 e 21 anos na Venezuela. Na próxima segunda-feira (6), ele começa a trabalhar, também no McDonald’s, após ter feito serviços em outras áreas como segurança, restaurantes e fábricas de roupas.

“O dinheiro que ganho aqui eu mando para minha família. Eu não sei se eles querem vir, mas eu vou buscar. Primeiro, tenho que conseguir trabalho. Aqui está melhor do que na Venezuela, porque aqui tem tudo – trabalho, dinheiro, comida. Lá não tem nada disso”, disse Gusmán, ao revelar que, sem o dinheiro dele, a família não teria como se sustentar na Venezuela.

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