Ao que tudo indica, as aulas presenciais – ainda num sistema híbrido, mas já presenciais – serão, enfim, retomadas nas escolas estaduais de Mato Grosso. A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) apresenta na tarde desta quinta-feira (20) o plano para o retorno às salas de aula.
Ontem, após uma reunião com diversos promotores de Justiça, o Ministério Público de Mato Grosso também firmou o entendimento de que já passou da hora desse retorno. Para o procurador-geral do Estado, José Antônio Borges, não faz sentido manter escolas fechadas, se quase todas as outras atividades estão em pleno funcionamento.
Já o Sindicato dos Profissionais da Educação Pública de Mato Grosso (Sintep-MT) tem se mostrado contra. À reportagem o LIVRE, a assessoria da entidade disse que um novo posicionamento será apresentado após a categoria tomar conhecimento dos planos do governo, nesta tarde.
Por enquanto, no entanto, algumas preocupações colocam professores e governo em lados opostos.
Vacina
A primeira reivindicação do Sintep para o retorno às salas de aula é a vacinação dos profissionais da Educação.
No início da semana, ao defender o sistema híbrido de ensino, o governador Mauro Mendes (DEM) afirmou que já determinou à Secretaria de Estado de Saúde (SES) que inicie a vacinação desse público assim que for concluída a imunização dos profissionais da Segurança Pública.
Ao LIVRE, a assessoria da Sesp-MT afirmou que 75% das forças de segurança estadual e federal em Mato Grosso já receberam, pelo menos, a primeira dose da vacina. Faltam 6 mil doses para concluir essa etapa.
O pedido já foi feito à SES, que encaminhou a demanda para o Ministério da Saúde, ou seja, o Estado não tem a vacina no momento. E nem previsão de quando ela vai chegar.
Presencial e remoto ao mesmo tempo
Outra preocupação dos professores, segundo o Sintep, é quanto ao planejamento pedagógico para esse retorno. Na avaliação do sindicato, questões logísticas, como quantos alunos em cada sala de aula, não são as únicas que precisam ser programadas.
A expectativa é que os alunos voltem para as escolas com diferentes níveis de aprendizado. Nem todos tiveram acesso ou – se tiveram – se adaptaram ao modelo de ensino remoto adotado no último ano. E os professores precisam estar preparados, com uma estratégia para ser adotada nesses casos.
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Além disso, como a proposta já antecipada pelo governo é de permitir somente 50% dos alunos em cada sala de aula, isso significa que a outra metade continuará tendo aulas remotas. Os professores, portanto, terão que atender os dois públicos ao mesmo tempo.
Transporte escolar
A vacinação – em especial dos grupos de risco para a covid-19 – e o nível de aprendizado dos alunos também foram preocupações apresentadas na reunião do Ministério Público. Os promotores de Justiça levantaram, no entanto, mais um ponto: o transporte escolar.
Esse é um serviço oferecido em parceria entre Estado e Municípios e que, para o promotor de Justiça Miguel Slhessarenko Júnior, precisará um planejamento muito bem pensado.