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Jovens cantando e dançando música coreana no centro de Cuiabá? Não, você não está delirando

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Jovens cantando e dançando música coreana no centro de Cuiabá? Não, você não está delirando

Uma das divas do k-pop, Hyuna, investe na explosão de cores, ambientes urbanos e visual despojado no clipe da música Bubble Pop. Assim como outras estrelas da música coreana – ela tem ao seu redor uma superprodução que começa com empresas do ramo do entretenimento investindo na formação do jovem artista. E quando esse “treinamento” tem êxito, alcançam o auge tornando-se conhecidos e colecionando centenas de milhares de views, downloads e compartilhamentos em plataformas musicais.

Em Cuiabá, bem longe do mercado musical coreano e consequentemente sem a mesma megainfraestrutura que costuma acompanhar os artistas do fenômeno mundial, um grupo de entusiastas se diverte fazendo releituras de videoclipes dos idols, como são chamados os integrantes ou grupos do gênero.

Em pleno Centro Histórico cuiabano, a k-popper Juliane Silva, acompanhada de outros integrantes do Je-iL – criado com o intuito de acompanhar os avanços da cultura pop coreana – diverte-se ao juntar a turminha para reproduzir coreografias e dublar as músicas no idioma.

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Como se pode ver, o Calçadão da Galdino Pimentel estava livre para eles. Quase ninguém viu a agitação das gravações, porque eles escolheram um horário alternativo, mas o vídeo é um dos mais bombados do grupo, visto mais de 9.620 vezes.

A música, que surgiu na década de 1990 e nos anos 2000 teve projeção internacional com Gangman Style, nos últimos anos têm ganhado ainda mais repercussão com jovens artistas que cantam seus dilemas da adolescência, dançam coreografias hipnotizantes e que pelo visual, parecem ter saído de um mangá ou anime japonês. Adicione tempero das boy bands e o glamour das divas americanas da música pop.

Em Cuiabá, as proezas do k-pop passaram a serem difundidas há pelo menos quatro anos, quando foi formado o grupo Je-iL. Frequentemente os membros ser reúnem para discutir sobre nuances da cultura coreana e claro, ensaiar. Logo, chamam um ou outro parceiro e registram o trabalho que desenvolveram. E assim ficam preparados também, para qualquer evento geek que aconteça na cidade e para o qual sejam convidados.

Juliane calcula que já há outros seis grupos dedicados ao gênero. A estética, em muito dialoga com a cultura nipônica. Nos grupos de k-pop percebe-se inclusive, que muitos performers parecem ter pulado de um anime para a vida real, tal qual a semelhança com seus personagens. Fora que os fãs cultuem estética das duas culturas do oriente.

A jovem que estuda publicidade conta que muitos dos fãs da cultura pop japonesa se viram instantaneamente atraídos ao assistir a uma performance dos idols coreanos. E aí, passaram a cultivar também, outros vícios da cultura pop coreana, como as séries, chamadas doramas.

“E aí vem também inspirações no visual. Muita gente pinta o cabelo com cores vibrantes, passa a assistir as novelas e séries coreanas, bem como os reality shows coreanos. Vem tudo junto”, explica.

Não dá para explicar em um estilo musical só o que é o K-Pop, pois à batida sintética da música moderna, são acionados outros ritmos. O pop se mistura ao rap, hip rock, rock e música eletrônica. “A gente nunca fez aula de dança, exceto a Vitória Antunes [outra integrante] que conseguiu uma bolsa para estudar. Para gente ficar afinada, reproduzimos as coreografias muitas vezes, até ficar bom”.

E a intenção de melhorar, só cresce. “A gente acaba focando não só nos treinos de dança, como também, na dublagem, pois não cantamos. Quer dizer, por enquanto, é uma meta do grupo cantar também. Enquanto isso vamos assistindo bastante dorama legendado e escutado muita música coreana que já estamos bem familizarizados com o idioma. Eu já cheguei até a decorar o hangul, alfabeto coreano e já estava até conseguindo ler uma coisa ou outra em coreano, sem ter qualquer professor. É mais fácil que o japonês ou o chinês”, se diverte ao denunciar as aspirações do grupo.

Somam à trupe, os jovens Letícia Hikari, Nayara Garcia, Agatha Brenna, Larissa Marques, Íris Luma, Julia Miranda, Rayane Vitorassi, Amanda Lima, Gillian e Marcos. O debut – como chamam o dia da primeira apresentação -, foi em 2014, em um evento da Rush United, loja extinta com jogos e objetos da cultura pop. Logo, foi a vez de subirem ao palco da edição daquele ano, no Festival do Japão.

“E daí continuamos ensaiando e logo, tivemos um grande momento nos apresentamos em dia do jogo da Coréia do Sul contra a Rússia, na Arena Pantanal. Dançamos a música da torcida coreana e uma TV daquele país registrou tudo. Foi lindo”, relembra. Agora, o Je-iL está empenhado para outra apresentação de peso.

“Em junho nos apresentamos no Master Nerd, do Colégio Master. Lá, vamos apresentar música nova, a Fire Truck, do NCT”. Outros grupos de peso da atualidade, como o culturado BTS, costumam atrair os olhares do mundo todo, como o Super Junior, Girl´s Generation, EXO e Big Bang, bem como o queridinho do Brasil, BTS. Estes, a propósito, superaram os números de cantores de outros já consagrados pela música mundial, como Taylor Swift, Katy Perry e Rihana, com 20 milhões de visualizações nas primeiras 20 horas de publicado o clipe DNA. Por estas e outras mais, em 2017, fez história por ser o primeiro grupo de K-pop a figurar entre os dez primeiros álbuns mais vendidos na parada 200 da Billboard.

Os coreanos têm levado muito a sério o potencial do K-pop. O governo, por exemplo, utiliza a moda coreana para divulgar sua cultura para se infiltrar no mercado internacional. Na Coréia do Sul no ministério da cultura tem até um departamento exclusivo para o K-pop. E assim, a hallyu (onda coreana) vai ganhando mais terreno em cada cantinho do mundo, assim como em Cuiabá.

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