Gastronomia

Acarajé e abará com “sotaque” alagoano fazem sucesso em Cuiabá

Instalado na Avenida dos Trabalhadores, Marcos tem conquistado a clientela da cidade

5 minutos de leitura
Acarajé e abará com “sotaque” alagoano fazem sucesso em Cuiabá
Acarajé em Cuiabá com sotaque alagoano: Marcos tem feito sucesso! (Foto de Ednilson Aguiar)

Já às 17 horas ele se prepara para receber os primeiros clientes batendo apenas um pouco da massa para servi-los fresquinhos. Por uns 10 minutos ela descansa. É esse descanso – diz a voz da experiência – “que resulta em bolinhos mais crocantes”.

Enquanto isso, esquenta o azeite de dendê. E tão logo fritos, são cortados ao meio e ganham recheio de camarão seco, vatapá, caruru, vinagrete e pimenta. Eis o acarajé!

Sim, Cuiabá tem acarajé do bom. Mas há que se ressaltar: o sotaque desse acarajé é alagoano. O autor do quitute tradicional da culinária afro, e prato típico da culinária baiana, é Marcos Matas.

Ele saiu de Maceió há dois anos em busca de oportunidade e logo tornou seu tabuleiro referência na capital mato-grossense. “Se comer e não gostar não adianta comer em nenhum lugar do país”, diz com muito orgulho.

“Eu sei como é o bom acarajé, pois eu sempre comi acarajé. E olha que há um mistério, porque eu não conheço ninguém que diz ‘comi tanto acarajé’ que enjoei”, descontrai. Ele também o serve no prato, por R$ 17,00. Já o tradicional, sai por R$ 15,00.

Abará

E ele tem mais um trunfo: o abará (R$ 17,00) servido no prato, que segundo ele, dá um pouco mais de trabalho. “O abará pouca gente faz, faz mesmo quem sabe fazer”, puxando a sardinha para si. Segundo Marcos, é a mesma massa do acarajé – feijão fradinho processado -, sendo temperado com amendoim, castanha de caju, gengibre, alho e leva ainda camarão seco, azeite de dendê e pimenta. O camarão, conta ele, é comprado seco, mas se estiver um pouco mais salgado, é refogado no azeite.

Se os quitutes de Marcos têm feito tanto sucesso na cidade, ele o atribui ao preparo artesanal em todas as etapas. A massa, como diz, é batida na hora. “E eu compro tudo in natura, compro o feijão fradinho, quebro, boto de molho, limpo. Para processá-lo eu mesmo adaptei um moinho que eu regulo só para moer”, conta.

Sobre a clientela, “Marcos do Acarajé” conta que boa parte dela é formada por gente que viaja bastante ou que valoriza experimentar os sabores e temperos de outras culinárias: “boa parte também é de clientes nordestinos que vêm até aqui matar a saudade”.

E os cuiabanos, como têm lidado com a novidade? “Ah, o cuiabano tem uma cultura bem local. Alguns ficam meio receosos. Alguns pedem para tirar o camarão. Se precisar, a gente tira, porque o importante é que eles experimentem”.

Para quem vai até lá, mas não quer ousar no cardápio, Marcos tem no enxuto menu, pastel tradicional nos sabores de carne, frango, queijo, carne com queijo e frango. Ah, e tem também cachorro quente. Mas não é os que a gente encontra nas ruas de Cuiabá.

Passaporte alagoano

“Na verdade, eu trouxe para cá o ‘cachorro quente’ alagoano. Que para nós se chama ‘passaporte’. O alagoano não sai de casa para comer salsicha e molho, lá ninguém come isso. Ninguém sai de casa para comer pão com salsicha”, se diverte.

O passaporte de Marcos Matas vai muito além da salsicha e molho, tem também queijo, carne moída ou frango desfiado, milho verde, ervilha, batata palha, queijo ralado, catchup e maionese.

“Você pode andar em Maceió e não vai achar carrinho de cachorro quente, vai encontrar passaporte. Alagoano quando vem aqui e vê escrito ‘passaporte’ os olhos chegam a brilhar”.

Mas seria uma espécie de baguncinha? “O baguncinha daqui a gente estranha porque não tem muita variedade. A mesma receita é reproduzida e vendida em todos lugares, lá não, o passaporte vai ganhando releituras e cada lugar é de um jeito diferente”.

De hobby a ofício

Marcos conta que começou no estacionamento de uma concessionária na rua 14 do Bairro Bela Vista e ficou lá por um ano, até o dia 28 de abril de 2018. Na outra semana já estava aqui. A mãe está sempre ao lado dele para ajudar no atendimento.

“Veio de lá comigo, sempre estivemos juntos”. Hoje, saem do Bairro Altos da Serra em direção ao ponto que fica na avenida Dante de Oliveira, próximo ao trevo que dá acesso ao Parque Tia Nair.

“Passei 13 anos atuando como recepcionista no Hotel Hitz de Maceió, daí, decidi vir para cá. Algumas vezes fiquei à frente da cozinha do hotel, mas era por conta da ocasião mesmo. Porque cozinhar, para mim, sempre foi um hobby. Agora, tornou-se um ofício”.

E o ponto, já bastante conhecido, atrai menos de quem passa do que quem o vê nas redes sociais. “Meus clientes vêm muito pela internet”. E ele engata: “e se tornam meus amigos. Eu praticamente não chamo ninguém de senhor, independente da idade, de tanto que ficamos à vontade”.

Petiscaria à vista

O plano é de ampliar o potencial do negócio. “Futuramente pretendo abrir uma petiscaria com comida nordestina. Uma cervejinha, refrigerante, no máximo até meia-noite e algo bem simples. Não quero restaurante, nem gosto dessa palavra”, se diverte. “Ah, claro e vai continuar tendo o acarajé servido do carrinho. Dele eu não abro mão”.

Marcos tem planos de ampliar o negócio, mas o acarajé vai continuar sendo preparado no carrinho (Ednilson Aguiar)

O Acarajé do Marcos fica na Avenida Dante Martins de Oliveira (antiga Avenida dos Trabalhadores), 2979 e funciona de terça-feira a sábado, das 17h30 às 21h30. Mais informações: (65) 98436-6579.  

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes