Colunas & Blogs

A guerra é moral, não cultural

Já faz tempo que nos acostumamos à canalhice; e esta guerra representa a nossa caminhada para fora do purgatório moral que nos rói por dentro há anos

6 minutos de leitura
A guerra é moral, não cultural
(Foto: Divulgação)

Todo mundo fala de guerra cultural hoje, mas como autômatos que repetem frases que lhes foram ensinadas. Guerra de culturas? Guerra para desenraizar a confusão mental que a esquerda se esmerou em instalar no país com seus os métodos gramscianos?

Permita-me dizer que a nossa guerra não é cultural apenas mas é uma guerra moral. Não existe a menor dúvida de que estamos ficando mais burros, no planeta inteiro.  Existe uma “cultura” emburrecedora no mundo que é esquerdizante por natureza porque torna as pessoas mais dependentes de um Papai-estado supremo para pensar por elas.  Não foi só o Brasil que foi contaminado pela generalização da estupidez.  Já fazem décadas que se denuncia o mesmo processo acontecendo nos EUA e na Inglaterra[1], para citar apenas esses dois.

Mas existe uma diferença talvez crucial entre esses países e o Brasil.  A moral política da maioria da população desses países ainda não foi corrompida. O público ainda cobra nos EUA a mínima noção de probidade moral da sua classe política. Ainda se espera na Inglaterra que um parlamentar sirva os interesses da nação, e não apenas à sua família ou ao grupo de amigos do seu partido.

Hillary Clinton fez sua campanha contra Trump com sucesso principalmente entre os imigrantes latinos e negros. Mas ela tinha poucas chances em geral, porque a sua corrupção e falta de obediência às regras institucionais americanas se tornaram muito conhecidas do público.

Mesmo democratas comprometidos confessam ter tido dificuldades de votar em Clinton por causa de carreira manchada pela corrupção. Todos sabiam que ela era uma candidata horrível e que merecia o apelido que lhe foi dado por Trump: “Crooked Hillary” (Hillary, a Desonesta).

Elizabeth Warren  que era tida há poucas semanas atrás como sendo a pessoa com mais chance de ganhar as primárias Democratas, também está sendo rapidamente desacreditada. Ela mentiu em relação a sua ascendência indígena para ser contratada como professora de direito em Harvard. Em geral ela não parece honesta quando fala e caiu em muitas contradições… O americano não tolera o uso da mentira como estratégia política.

Mas e no Brasil? Já faz tempo que nos acostumamos à canalhice. Num vídeo que circula online, alguns segundos de Lula discursando por aí depois de liberado, o ainda aclamado político diz que o que falta ao governo atual é canalhice. Até aí não estranho. Um sujeito amoral como ele certamente pensaria que a falta de caráter é um elemento essencial para a política.

Mas estranhei os comentários. “Dilmice”, ou “o Lula tomou aulas com Dilma”, foram os mais comuns. Só que a capacidade racional, ou a habilidade de concatenar sentenças que falta a Dilma, não falta a Lula. Estupidez e falta de caráter não é a mesma coisa. Lula não cometeu uma Dilmisse, ou seja não foi um erro lógico, uma simples burrice.  Ele disse uma Lulisse.  Como político maquiavélico que é, considera a falta de caráter uma qualidade essencial do político.

Infelizmente a lógica da canalhice petista continua dominando a narrativa da política  nacional. A cada espetáculo montado por eles para “desmascarar” alguém do outro lado descobrimos que não há limites para a sua baixeza. Depois de nos roubarem bilhões de dólares, causando a quase-falência do país, durante quase 16 anos os petistas ainda acham espaço na cultura nacional para  posar de heróis. Seu partido, claramente responsável por inúmeras falcatruas, não foi cassado.

Este tipo de indulgência com a corrupção e a mentira seria impensável em um  país sério qualquer. Mas no Brasil, políticos ladrões continuam soltos com acesso às suas gordas contas bancárias, enquanto a população lesada por eles ainda morre nas filas do SUS. A mídia, de uma vileza sem par, não se envergonha em acoitá-los, encobrir-lhes os malfeitos, promovê-los em reportagens que mais parecem documentos religiosos.

Para enganar o “populacho”, qualquer coisa vale e perpetuar a tolerância à imoralidade política vale tudo. Vale mentir sobre fatos, atacar caráter de pessoas gratuitamente, atacar a família de políticos do outro lado, fazer arruaça, quebra-quebra, sair por aí discursando sugerindo violência, desejando e até incitando ataques físicos aos outros, enfim, vale tudo. Mas ainda pior que o discurso político de Lula e seus comparsas, eivado de ódio e desprezo por tudo o que não é ele mesmo, é a passividade com que aceitamos  tudo isto.

Nós nos acostumamos ao fato de que muitos no Congresso e no Supremo Tribunal Federal, inclusive os atuais presidentes das duas instituições, tenham codinomes na lista de propinas mais escandalosa da história da política moderna. São ainda autorizados a tomar decisões impedindo investigações sobre eles próprios e outros corruptos como eles.

Verbos de significado sombrio, como “blindar”, fazem parte do dia a dia ao descrevermos as atividades de nossos políticos. Blindar na verdade significa proteger alguém acima do bem e do mal.

Nos acostumamos a ver a Câmara e o Senado em conchavos para votar mais e mais mecanismos de obter dinheiro público para uso pessoal. O festival imoral de privilégios que esta elite corrupta coleciona para si, com a desfaçatez de quem sabe que não lhe será cobrado nada nos passa desapercebido.  É lugar comum  vê-los enganar o povo fingindo se preocupar com as mesmas coisas que nos afligem, como a falta de segurança jurídica, a liberação de criminosos, o mau uso de recursos públicos, enquanto por trás estão fazendo conchavos para se beneficiarem e nos trair. Como vão se importar  com bandidos soltos se a instabilidade judicial é um mecanismo de proteção deles,  se os criminosos são eles mesmos e os recursos públicos são usados como seu tesouro pessoal?

Meus amigos, não estamos vivendo uma simples guerra cultural. Esta é uma guerra por nossas almas, por nosso caráter. É o Brasil corrupto e podre acostumado com uma política suja contra o Brasil que quer se livrar desta sujeira.

A “cultura” que tomou conta do Brasil nas últimas décadas é sem dúvida uma cultura do mal. Esta guerra representa a nossa caminhada para fora do purgatório moral que nos rói por dentro há anos. Sair dele agora é uma questão de honra.

_______________________________________

[1] Iserbyt, Charlotte Thomson. “The Dumbing Down of America; Ravenna, Ohio.” (1999). https://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-5832789/Young-people-really-getting-stupid-IQs-falling-seven-points-generation.html

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes