Entre os 91 servidores do Executivo que receberam salários acima do teto constitucional do Estado por pelo menos seis meses em 2016 – conforme revelou o LIVRE nesta terça-feira –, 36 são delegados de Polícia, 28 são auditores da Controladoria Geral do Estado (CGE), 23 são procuradores da Procuradoria Geral do Estado (PGE), três são coronéis da PM e um é secretário-adjunto da Secretaria de Estado de Planejamento.
Somados, os salários dos 91 funcionários públicos totalizam R$ 39.908.285,36. Se os valores que excedem o teto fossem depositados em um cofre, hoje esse montante estaria em R$ 6.633.953,36 – o suficiente para comprar 44 ambulâncias, 102 máquinas de radiografia e pagar 7.079 salários mínimos.
Na lista dos 35 servidores que ganharam supersalários nos doze meses de 2016, 12 são procuradores de classe especial e um é procurador de primeira classe, além de 9 auditores da Controladoria Geral do Estado e 12 delegados.
Erika Onodera/O Livre
A análise dos dados fica ainda mais aterradora quando se constata que áreas consideradas essenciais para a população sofrem com problemas estruturais. Enquanto isso, categorias de estimação do governo estadual são mensalmente agraciadas com repasses milionários que quase sempre acabam no bolso do servidor disfarçados de vantagens embutidas no holerite – como abonos de permanência, pagos àqueles que optam por continuar em atividade mesmo tendo contribuído o suficiente para se aposentar, ou verbas para cursos de aperfeiçoamento e aquisição de livros.
Em 7 de janeiro, por exemplo, uma menina de 10 anos se afogou num rio em Tabaporã, no Norte do Estado. O Corpo de Bombeiros de Sinop foi acionado, mas só conseguiu encontrar a garota, morta, dois dias depois. Na ocasião, o comandante local creditou a demora a viaturas quebradas e à falta de equipamentos básicos de mergulho.
Com um efetivo de 1443 funcionários, o Corpo de Bombeiros do Estado teve um orçamento de R$ 29,3 milhões em 2016 – uma média de R$ 20 mil por servidor. Por outro lado, à PGE, que segundo o portal da Transparência dispõe de 165 funcionários, foi reservado um total de R$ 267,6 milhões em 2016, segundo a Lei Orçamentária Anual – média de R$ 1,6 milhão por funcionário.
Ainda segundo o portal da Transparência, a PGE conta hoje com 68 procuradores ativos, dos quais 23 receberam supersalários por ao menos seis meses no ano passado. Ou seja, um terço dos procuradores do Estado de Mato Grosso recebem acima do teto. Além dos gordos rendimentos, os procuradores ganham outros benefícios, entre eles o “auxílio-matrimônio”: oito dias de folga no caso de decidirem se casar.
Erika Onodera/O Livre
No próximo capítulo da série “Os supersalários do Executivo”, descubra quem são os servidores que receberam os salários mais altos de 2016.
