Cidades

7 anos de espera e 72% do valor da reforma gasto em aluguéis

Até agora, esse é o resultado da decisão do governo de adequar uma unidade de Caps localizada em Cuiabá

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7 anos de espera e 72% do valor da reforma gasto em aluguéis
(O Livre/Caroline Rodrigues)

Deteriorada e entregue aos usuários de drogas e ladrões, a sede do Centro de Atendimento Psicossocial de Álcool e Drogas (Caps/AD) tronou-se um transtorno para a vizinhança do Parque Zé Bolo Flô, na região do Coxipó, em Cuiabá, onde está localizada.

Ela foi fechada em setembro de 2013 para reformas porque o prédio era considerado insalubre e tinha vários problemas na estrutura. Desde então, nada foi feito e os serviços do Caps/AD passaram a ser ofertados em um imóvel provisório e alugado, que fica no bairro Boa Esperança.

Classificado como temporário há 7 anos – período em que o Estado já trocou de governador três vezes -, o espaço consumiu R$ 468 mil em alugueis. Valor que corresponde a 72% do total orçado para reforma e adequação do antigo prédio.

Na placa, ainda de pé e toda retorcida, está o investimento previsto para melhorar a estrutura: R$ 643.530.

Portão onde era a entrada dos funcionários do Caps/AD, na região do Coxipó (Foto: Caroline Rodrigues/O Livre)

Risco a segurança pública

O comerciante Robson Moraes, que tem uma empresa bem em frente à antiga sede do Caps/AD, no bairro Coophema, conta que o local virou ponto de ladrões e usuários de drogas.

Policiais militares fazem batidas constantes, o que afasta os invasores por algum tempo. Porém, logo eles retornam.

No interior do prédio, há mato, sujeira e tudo que havia de valor foi retirado. Nem mesmo o muro resistiu e ficou parcialmente danificado.

Resumindo: sobrou apenas a carcaça do prédio, coberto pelo matagal, lixo e restos da passagem de moradores de rua e usuários de drogas.

Para Moraes, que acompanhou a construção de um hospital em 10 dias na China, é inadmissível ver um imóvel com pouco mais de cinco ambientes esperar 7 anos por um serviço de reforma.

“Os políticos querem correr para colocar a placa e, serviço que é bom, nada. Já decidi que vou tocar todos que pararem no meu comércio para pedir voto”, afirma o empresário.

Nova sede, mesmos problemas

Conforme o presidente do Sindicato dos Servidores da Saúde (Sisma-MT), Oscarlino Alves, o atual prédio alugado também é um problema para a prestação dos serviços.

Sempre que chove, há infiltrações e é comum que os terapeutas percam os materiais usados nas atividades com os pacientes, segundo ele.

Existe ainda a restrição de espaço, que já não é o suficiente para atender a demanda.

Sede funciona provisoriamente há 7 anos no Boa Esperança (Foto: Caroline Rodrigues/O Livre)

Sobre o prédio abandonado, Oscarlino Alves conta que a tentativa de reforma teve o trabalho paralisado por conta de um desacordo.

Na ocasião, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), responsável pela gestão do Parque Zé Bolo Flô, alegou que o muro estava na área do parque.

O debate se iniciou, mas acabou parando e a obra foi abandonada.

O que diz o governo sobre o caso

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou, por meio de nota, que a nova sede do Caps será construída. E, sem estimar prazos, assegurou que um projeto está sendo elaborado.

Com relação ao contrato de aluguel, afirmou que não foram feitos aditivos de valor ou reajustes e que o prazo de vigência dele é até outubro deste ano.

Leia nota na íntegra:

“A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) informa que a unidade CAPS Álcool e Drogas (AD), que funciona em imóvel locado no bairro Boa Esperança, terá sede própria. O projeto da nova sede está sendo elaborado pela equipe técnica do setor de obras da SES.

Atualmente, a locação do imóvel alcança o valor de R$ 6 mil ao mês. O contrato possui vigência até outubro de 2020, sem aditivo de valor ou reajuste; no total, foram realizados dois aditivos de prazo. 

A unidade CAPS AD realiza, em média, 1.014 procedimentos por mês e atende pessoas maiores de 18 anos de ambos os sexos.”

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