2020 já é, oficialmente, o ano mais quente da história de Cuiabá. Isso você já deve ter percebido. Mas a reportagem do LIVRE procurou um especialista que explicasse o motivo.
Conforme o professor de climatologia do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Rodrigo Marques, o problema foi a falta de uma frente fria que, geralmente, chega à região da América no inverno.
Sem ela, houve esse efeito recorde de sequência de vários períodos com altas temperaturas que você tem sentido na pele há, pelo menos, duas semanas.
O professor destaca, por exemplo, que agosto e setembro foram os meses mais quentes do ano na Capital desde 1910, quando teve início a medicação de temperaturas.
Para se ter ideia, em 19 dias de setembro a temperatura chegou a 40ºC e, na semana passada, os termômetros registraram 44ºC, o pico mais alto alcançado até o momento em ao menos um século de aferição.
“Não é só que houve recorde de calor para um dia, 2020 é o ano mais quente da história de Cuiabá. A frente fria que sobe da região Sul do país não ocorreu este ano e a massa de ar que, em Cuiabá, já quente em outras épocas do ano, com esse fenômeno, ficou ainda mais quente, porque ficou represada”, explica o professor.
Mas, neste ano, esse fenômeno não ocorreu e o motivo ainda está sendo analisado pelos estudiosos de climatologias e também houve maior intensidade de calor. A consequência foi que, na região central do Brasil, criou-se um “centro de alta pressão” de temperatura.
O ar ficou mais seco e as temperaturas elevadas, fazendo o clima ficar mais quente (anticiclone). Conforme o professor Rodrigo, o anticiclone sopra um vento seco de cima para baixo e quando desce ele se aquece pois sofre compressão.
“As pessoas dizem que tem relação com o aquecimento global, mas acho que fazer esse julgamento com base em acontecimentos de um ano é pouco seguro. Cuiabá é quente normalmente e o aumento deste ano precisa ser estudado”, diz o professor Marques.
Na avaliação dele, as altas temperaturas devem começar a ficar amenas na segunda quinzena de outubro, quando o anticiclone deve começar a perder a força e as chuvas devem começar a chegar a Cuiabá.
No dia 10, próximo sábado, as chances de chuva estão em 90%, nos dias 13 e 14, também a probabilidade prevista é grande.